MANUAL DO DIRETOR DA CONGREGAÇÃO - CAPÍTULO III - DEVERES DOS CONGREGADOS

"Audi, fili mi, disciplinam patris tui, et ne dimittas legem matris tuae" 
Meu filho, ouve as instruções de teu pai e não desprezes o ensinamento de tua mãe (PROV. I, 8)

Se a Congregação oferece grandes vantagens, também impõe àqueles que as desfrutam de uma condição, que é o cumprimento de certos deveres. Todo homem tem deveres especiais, que variam de acordo com a posição que ele ocupa. Um congregado, então, também tem deveres a cumprir; mas vamos nos apressar em dizer que eles são doces e amáveis.

O dever é uma grande coisa; uma coisa ainda maior é o amor e o cumprimento do dever.

O que é dever? É tudo o que um servo deve fazer em obediência à vontade e desejo de seu mestre. Quando tiveres terminado, diz Jesus Cristo, todas estas coisas que tiverem te mandado fazer diga: Somos servos inúteis; nós fizemos apenas aquilo que devíamos fazer (Lucas XVII. 10) - ou seja, cumprimos nosso dever. Agora, já que Deus é nosso Mestre e nós somos Seus servos, Sua vontade e tudo o que Ele pede de nós de acordo com nosso estado constituem nossos deveres.

Entendemos, então, que o dever difere da diversão. Dever é o que agrada ao nosso Mestre; diversão é o que nos agrada - em outras palavras, dever é o que é necessário, diversão é o que dá prazer. O que mais é dever? É regra do homem. Uma criatura razoável precisa de uma regra para se guiar com sabedoria. A verdadeira regra de conduta, por mais simples que seja, quando é perfeita, implica em cumprir o dever. Eis o fio condutor no labirinto da vida, o fio dourado traçado por nós pelo dedo de Deus. Feliz aquele cujo primeiro fim é o dever, e que segue fielmente esse nobre caminho! Sua vida será regulada com prudência, a felicidade acompanhará seus passos e seu nome será pronunciado com respeito.

Novamente, o que é dever? É a grande base da perfeição moral do homem. Quem cumpre seus deveres não deixa nada a desejar; ele é perfeito.

Seu coração tem uma ambição nobre? Você aspira ser um congregado perfeito da Santíssima Virgem? Você tem apenas uma coisa a fazer: dedicar-se ao perfeito cumprimento dos deveres de um membro da Congregação, de um Filho de Maria.

Mas quais são esses deveres? Antes de tudo, repitamos o que já dissemos: esses deveres não são onerosos. O jugo de Maria, como o de seu divino Filho, é doce e seu fardo é leve. Consiste em três coisas: a observância da regra, exemplo de conduta, fidelidade ao ato de consagração.

I. REGRAS
As regras da congregação, tão belas e piedosas que parecem ter sido ditadas pela própria Virgem, foram aprovadas pelo papa Sisto V em sua Bula Omnipotentis Dei, de 5 de janeiro de 1586, e entregues à Congregação principal de Roma, bem como a todos os seus filiados.

Essas regras, às quais é permitido adicionar estatutos locais, devem ser observadas com fidelidade religiosa; não que elas se apliquem sob pena de pecado, como os mandamentos da Igreja, mas porque são aprovadas pela Santa Sé, são agradáveis ​​à Santíssima Virgem e formam a base da Congregação e do princípio de sua vida e prosperidade. Além disso, ao entrar nessa associação piedosa, a pessoa se compromete explicitamente a observar seus estatutos e regras.

A pessoa é obrigada, então, a observar essas regras sagradas através de um princípio de honra e fidelidade, através do amor à Santíssima Virgem e através do amor à Congregação. Quanto às próprias regras, elas podem ser resumidas em certos deveres prescritos: 1º, para com Deus e a Santíssima Virgem; 2º, para com a Congregação; 3º, para conosco mesmos; 4º, para com o próximo.

1. Em relação a Deus e à Virgem Maria, as regras prescrevem orações diárias, Missa, frequência dos sacramentos e presença fiel nas reuniões.

2. Para com a Congregação: você deve amá-la, amar sua prosperidade, sua honra; ame todos os seus membros com um carinho sincero e fraterno, tendo no coração a união e a concórdia para com todos; manifestar amor e particular consideração por seus oficiais. Essa caridade deve se manifestar por atos e até por sacrifícios, principalmente quando os companheiros estão doentes ou morrem.

3. Para conosco mesmos. Nossos deveres para conosco exigem que nossa conduta seja edificante e exemplar; que devemos evitar companheiros mundanos, divertimentos repreensíveis, livros perigosos ou duvidosos.

4. Para com o nosso próximo. Devemos sinceramente ajudar e compartilhar as obras de caridade e zelo que as circunstâncias exigirem. Este é um resumo das regras da Congregação, que você lerá inteira no seu Manual com mais detalhes.

II - CONDUTA EXEMPLAR
Aplicamos esse termo não a uma vida simplesmente regular, cristã e irrepreensível, mas a uma vida que impressiona os outros pelo esplendor de uma regularidade digna de servir de exemplo. Tais devem ser as vidas dos filhos de Maria. A Virgem Maria conta a todos, como Jesus Cristo fez a seus apóstolos: Portanto, que sua luz brilhe diante dos homens, para que vejam suas boas obras, e glorifiquem seu Pai que está no Céu.

Portanto, o congregado deve servir de exemplo ao seu próximo por sua pontualidade, sua caridade, sua paciência, sua modéstia e na utilidade de suas palavras.

E por que a conduta dos congregados é tão edificante? Porque a santidade de Maria, de quem são filhos, e a honra da Congregação de que são membros, fazem disso uma obrigação para eles. A má conduta de uma criança entristece uma mãe; sua virtude se alegra e a honra.

Isso significa que todos os que entram na Congregação estarão livres de falhas ou se tornarão modelos de virtude de uma só vez? Essa não é a nossa ideia; mas a perfeição de que falamos é o fim que cada um deve procurar alcançar.

III - FIDELIDADE AO ATO DE CONSAGRAÇÃO
O ato de consagração, queridos congregados, é um compromisso de honra que vocês assumiram aos pés do altar na presença dos anjos e de todos os membros da Congregação.

Ao implorar à Virgem Maria que seja sua protetora na vida e na morte, você prometeu de sua parte que a honraria como sua mãe e que nunca diria uma palavra ou seria culpado de uma ação contra sua honra. Esse compromisso contém uma promessa tripla, que é bom que você entenda completamente para cumpri-lo perfeitamente. Aqui está:

1. Para preservar sempre um amor filial por Maria, que o impele a invocá-la com frequência e a evitar tudo o que poderia desagradá-la, de acordo com as palavras de São Bernardo: Em seus perigos, suas provações, seus sentimentos, pense em Maria, invoque Maria; que o nome de Maria esteja sempre em seu coração e em seus lábios; mas, para merecer a intercessão dEla, não deixe de imitar seu exemplo.

2. Para não dizer nenhuma palavra contra sua honra; tais são palavras muito livres e impróprias, indignas de um Filho de Maria.

3. Não ser culpado de nenhuma ação contra sua honra; são ações culposas particularmente aquelas que tendem a manchar o esplendor da virtude mais querida ao seu coração Virgem.

Filhos de Maria, contemplem seus nobres e gloriosos deveres! Sua boa mãe não deixará de ajudá-lo a cumpri-los e, na fiel realização deles, vocês desfrutarão de todas as vantagens que a Congregação promete.

"Hoc fac et vives" 
Faze isto e tu viverás (Lucas X, 28)

Pe. Francisco Xavier Schouppe S.J.