PRINCÍPIOS GERAIS DA CVX
Aprovados pela Assembleia Geral em 7 de setembro de 1990
Confirmados pela Santa Sé em 3 de dezembro de 1990
2. Guiados pelo Espírito: Porque nossa Comunidade é um caminho de vida cristã, estes princípios devem ser interpretados não tanto segundo a letra deste texto, mas antes pelo Espírito do Evangelho e a lei interior do amor. Esta lei, que o Espírito inscreve em nossos corações, expressa-se a si mesma de maneira nova em cada situação da vida diária. Respeita a unicidade de cada vocação pessoal e possibilita-nos sermos abertos e livres, sempre à disposição de Deus. Desafia-nos tomar consciência de nossas graves responsabilidades, a buscar constantemente as respostas às necessidades de nossos tempos e a trabalhar em união com todo o Povo de Deus e todas as pessoas de boa vontade para o progresso e a paz, a justiça e a caridade, a liberdade e a dignidade de todos os povos.
3. Uma graça histórica: A Comunidade de Vida Cristã é uma associação mundial pública cujo centro executivo se encontra atualmente em Roma. É a continuação das Congregações Marianas, iniciadas por Jean Lenis, SJ, e aprovadas oficialmente pela primeira vez pela bula do Papa Gregório XIII, omnipotentes Dei, de 5 de dezembro de 1584. Recuando além das Congregações Marianas, vemos a nossa origem naqueles grupos de leigos que se desenvolveram depois de 1540 em diferentes partes do mundo através da iniciativa de Santo Inácio de Loyola e de seus companheiros. Vivemos este modo de vida cristã em alegre comunhão com todos aqueles que nos precederam, agradecidos por seus esforços e conquistas apostólicas. No amor e na oração, associamo-nos a todos esses inúmeros homens e mulheres da nossa tradição espiritual, que nos foram propostos pela Igreja como amigos e válidos intercessores que nos ajudam a levar a cabo a nossa missão.
5. Fontes: A espiritualidade de nossa Comunidade está centrada em Cristo e na participação no Mistério Pascal. Brota da Sagrada Revelação, da liturgia, do desenvolvimento doutrinário da Igreja e da revelação da vontade de Deus através dos acontecimentos de nosso tempo. No contexto destas fontes universais, consideramos os Exercícios Espirituais de Santo Inácio como a fonte específica e o instrumento característico de nossa espiritualidade. A nossa vocação nos convoca a viver esta espiritualidade, que nos abre e nos dispõe a todos os desejos de Deus em cada situação concreta de nossa vida cotidiana. Reconhecemos particularmente a necessidade da oração e do discernimento, pessoal e comunitário, do exame de consciência cotidiano e da direção espiritual como meios importantes para buscar e encontrar a Deus em todas as coisas.
6. Sentido de Igreja: A união com Cristo leva à união com a Igreja na qual Cristo continua aqui e agora sua missão salvadora. Tornando-nos sensíveis aos sinais dos tempos e às moções do Espírito, estaremos mais preparados para encontrar a Cristo em todas as pessoas e em todas as situações. Partilhando a riqueza de sermos membros da Igreja, participamos na liturgia, meditamos a Escritura e aprendemos, ensinamos e promovemos a doutrina cristã. Trabalhamos junto com a hierarquia e outros líderes eclesiais, motivados por uma comum preocupação com os problemas e o progresso de todas as pessoas, abertos às situações em que a Igreja se encontra hoje. Este sentido de Igreja nos impele a uma colaboração criativa e concreta na obra de fazer avançar o Reino de Deus na terra, e inclui uma disponibilidade para partir e servir ali onde as necessidades da Igreja o exigirem.
7. Laços comunitários: O dom de nós mesmos encontra sua expressão em um compromisso pessoal com a Comunidade Mundial, através de uma comunidade local livremente escolhida. Esta comunidade local, centrada na Eucaristia, é uma experiência concreta de unidade no amor e na ação. De fato, cada uma de nossas comunidades é uma reunião de pessoas em Cristo, uma célula de seu Corpo Místico. Estamos vinculados por nosso compromisso comum, nosso estilo de vida comum e nosso reconhecimento e amor por Maria como nossa Mãe. Nossa responsabilidade em desenvolver os vínculos da comunidade não se detém em nossa comunidade local, mas estende-se à Comunidade de Vida Cristã Nacional e Mundial, às comunidades eclesiais (paróquia, diocese) das quais fazemos parte, a toda a Igreja e a todas as pessoas de boa vontade.
8.Vida apostólica: Como membros do Povo de Deus a caminho, recebemos de Cristo a missão de sermos suas testemunhas perante todas as pessoas, através de nossas atitudes, palavras e ações, identificando-os com a missão de anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a liberdade aos cativos, dar a vista aos cegos, libertar os oprimidos e proclamar o ano de graça do Senhor. Nossa vida é essencialmente apostólica. O campo da missão da CVX não conhece limites: estende-se à Igreja como ao mundo, a fim de levar a Evangelho da salvação a todos e servir às pessoas e à sociedade, abrindo os corações à conversão e lutando para transformar as estruturas opressoras.
a) Cada um de nós recebe de Deus um chamado para fazer Cristo e sua ação salvífica presentes em nosso ambiente. Este apostolado pessoal é indispensável para estender o Evangelho de uma maneira duradoura e penetrante entre a grande diversidade de pessoas, lugares e situações.
b) Ao mesmo tempo, exercitamos um apostolado corporativo ou grupal em uma grande variedade de formas, seja através da ação de grupo iniciada ou sustentada pela Comunidade através de estruturas adequadas, seja através do envolvimento de membros em organizações e esforços seculares e religiosos já existentes.
c) A Comunidade ajuda-nos a viver este compromisso apostólico em suas diferentes dimensões e a ser sempre abertos ao que é mais urgente e universal, particularmente através da "Revisão de Vida” e do discernimento pessoal e comunitário. Procuramos dar um sentido apostólico até mesmo às mais humildes realidades da vida cotidiana.
d) A Comunidade nos impele a proclamar a Palavra de Deus e a trabalhar pela reforma das estruturas da sociedade, participando dos esforços de libertação das vítimas de toda sorte de discriminação e, sobretudo, para abolir as diferenças entre ricos e pobres. Queremos contribuir para a evangelização das culturas a partir de dentro. Desejamos fazer tudo isto com um espírito ecumênico, prontos a colaborar com aquelas iniciativas que trabalhem pela unidade dos cristãos. Nossa vida encontra a sua permanente inspiração no Evangelho do Cristo pobre e humilde.
9. União com Maria: Uma vez que a espiritualidade de nossa Comunidade está centrada em Cristo, vemos o papel de Maria em relação a Cristo. Ela é o modelo de nossa própria colaboração com a missão de Cristo. A cooperação de Maria com Deus começa com seu "sim" no mistério da Anunciação-Encarnação. O seu serviço efetivo, como se expressa na sua visita a Isabel, e sua solidariedade com os pobres, como se reflete no Magnificat, fazem com que ela se torne uma inspiração para a nossa ação pela justiça no mundo de hoje. A cooperação de Maria na missão do seu Filho, continuada ao longo de toda a sua vida, nos inspira a dar-nos totalmente a Deus em união com Maria que, aceitando os desígnios de Deus, tornou-se nossa mãe e mãe de todos. Assim continuamos a nossa própria missão de serviço ao mundo recebida no batismo e na confirmação. Honramos Maria, a Mãe de Deus, de um modo especial, e confiamos na sua intercessão para levarmos a pleno cumprimento nossa vocação.
11. Laços Comunitários: Como um primeiro meio de formação e de crescimento contínuo, os membros se reúnem regularmente em uma comunidade local estável, que assegure a cada membro uma partilha profunda da sua fé e da sua vida, urna verdadeira atmosfera comunitária e um decidido compromisso com a missão e o serviço.
12. Estilo de vida:
a) O estilo de vida da Comunidade de Vida Cristã compromete seus membros a buscar, com o auxílio da comunidade, um contínuo crescimento pessoal e social, que é espiritual, humano e apostólico. Isto comporta, na prática: uma participação na Eucaristia sempre que possível; uma intensa vida sacramental; prática diária de oração pessoal, especialmente aquela baseada na Sagrada Escritura; discernimento por meio de uma revisão diária da própria vida e, se possível, direção espiritual regular; uma renovação interior anual conforme as fontes de nossa espiritualidade; e amor à Mãe de Deus.
b) Já que a Comunidade de Vida Cristã tem como objetivo trabalhar com Cristo na instauração do Reino de Deus, todos e cada um dos membros estão chamados a participar ativamente no vasto campo do serviço apostólico. O discernimento apostólico, tanto pessoal como comunitário, é o meio usual de descobrir o melhor modo de tornar a Cristo presente, de forma concreta, em nosso mundo. Nossa ampla e urgente missão requer de cada membro uma pronta e ardente disposição de participar da vida social e política e de desenvolver qualidades humanas e habilidades profissionais, a fim de se tornar trabalhador mais competente e testemunha mais convincente. Além disso, esta missão exige ainda mais simplicidade em todos os aspectos da vida, para seguir mais de perto a Cristo em sua pobreza para preservar a liberdade apostólica interior. Finalmente, cada um assume a responsabilidade de participar das reuniões e outras atividades da Comunidade, e de ajudar e encorajar os outros membros a realizar sua vocação pessoal, sempre prontos todos a dar e receber conselho e ajuda como amigos no Senhor.
13. Governo:
a) A Comunidade Mundial de Vida Cristã é governada pela Assembleia Geral que determina as políticas e normas, e pelo Conselho Executivo, que é o responsável por sua implementação ordinária. A composição e funções destes organismos estão especificadas nas Normas Gerais.
b) A Comunidade Nacional, constituída segundo as Normas Gerais, compreende todos os membros que em um determinado país procuram viver o estilo de vida e a missão CVX. A Comunidade Nacional é governada por uma Assembleia Nacional e por um Conselho Executivo. Seus objetivos são assegurar as estruturas e programas de formação necessários para responder efetivamente àquilo que é necessário para o desenvolvimento harmonioso de toda a Comunidade, e para uma participação efetiva da Comunidade de Vida Cristã na missão da Igreja.
c) As Comunidades nacionais podem, se acharem útil, estabelecer ou aprovar comunidade ou centros regionais ou diocesanos, compreendendo as comunidades locais de determinada região, diocese, cidade ou instituição. Estas se constituem de acordo com as Normas Gerais e os Estatutos Nacionais.
14. Assistente Eclesiástico: A Comunidade de Vida Cristã em cada nível tem um assistente eclesiástico, designado em conformidade com o Direito Canônico e as Normas Gerais. O assistente toma parte na vida da comunidade em seus vários níveis, de acordo com as Normas Gerais.Trabalhando em colaboração com outros líderes da comunidade, tem como principal responsabilidade o desenvolvimento cristão de toda a comunidade, e ajuda seus membros a crescer na descoberta dos caminhos de Deus, especialmente através dos Exercícios Espirituais. Em virtude da missão que lhe foi confiada pela hierarquia, cuja autoridade representa, tem também responsabilidade especial pelas questões doutrinais e pastorais e pela harmonia própria de uma comunidade cristã.
15. Propriedade: A Comunidade de Vida Cristã em cada nível pode, se for útil, possuir e administrar bens como pessoa eclesiástica de Direito público, de acordo com o Direito Canônico e as leis civis do país em questão.A propriedade e a administração de tais bens pertencem à respectiva comunidade.
17. Suspensão e exclusão: A aceitação dos Princípios Gerais da Comunidade de Vida Cristã é um pré-requisito para ser membro da CVX em qualquer nível. A falta significativa de observância deles por parte de um membro ou de uma comunidade local é causa de suspensão e eventual exclusão por parte da Comunidade Nacional. A falta significativa de ação por parte de uma Comunidade Nacional, quando uma de suas comunidades locais não está observando os Princípios Gerais, é causa para sua suspensão e eventual exclusão da Comunidade Mundial. Sempre permanece o direito de apelação de uma decisão local ou Regional à Comunidade Nacional, e de uma decisão nacional à Comunidade Mundial.
ÍNDICE
Preâmbulo [1-3]
Primeira Parte: O nosso carisma [4-9]
Segunda Parte: Vida e organização da Comunidade [10-15]
Terceira Parte: Aceitação dos Princípios Gerais [16-17]
Confirmados pela Santa Sé em 3 de dezembro de 1990
Preâmbulo
1. Deus nos ama e nos salva: As Três Pessoas Divinas, contemplando a toda a humanidade em tantas divisões pecaminosas, decidem dar-se completamente a todos os homens e mulheres e libertá-los de todas as suas cadeias. Por amor, a Palavra se encarnou e nasceu de Maria, a Virgem pobre de Nazaré. Inserido entre os pobres espartilhando com eles sua condição, Jesus convida a todos nós a dar-nos continuamente a Deus e a trazer a unidade ao interior da nossa família humana. Este dom de Deus a nós e nossa resposta continuam até hoje, através da ação do Espírito Santo, em todas as nossas circunstâncias particulares. Assim nós, membros da Comunidade de Vida Cristã, compusemos estes Princípios Gerais para ajudar-nos a fazer nossas as opções de Jesus Cristo e tomar parte, através d’Ele, com Ele e n’Ele, desta iniciativa amorosa que expressa a promessa da fidelidade de Deus para sempre.2. Guiados pelo Espírito: Porque nossa Comunidade é um caminho de vida cristã, estes princípios devem ser interpretados não tanto segundo a letra deste texto, mas antes pelo Espírito do Evangelho e a lei interior do amor. Esta lei, que o Espírito inscreve em nossos corações, expressa-se a si mesma de maneira nova em cada situação da vida diária. Respeita a unicidade de cada vocação pessoal e possibilita-nos sermos abertos e livres, sempre à disposição de Deus. Desafia-nos tomar consciência de nossas graves responsabilidades, a buscar constantemente as respostas às necessidades de nossos tempos e a trabalhar em união com todo o Povo de Deus e todas as pessoas de boa vontade para o progresso e a paz, a justiça e a caridade, a liberdade e a dignidade de todos os povos.
3. Uma graça histórica: A Comunidade de Vida Cristã é uma associação mundial pública cujo centro executivo se encontra atualmente em Roma. É a continuação das Congregações Marianas, iniciadas por Jean Lenis, SJ, e aprovadas oficialmente pela primeira vez pela bula do Papa Gregório XIII, omnipotentes Dei, de 5 de dezembro de 1584. Recuando além das Congregações Marianas, vemos a nossa origem naqueles grupos de leigos que se desenvolveram depois de 1540 em diferentes partes do mundo através da iniciativa de Santo Inácio de Loyola e de seus companheiros. Vivemos este modo de vida cristã em alegre comunhão com todos aqueles que nos precederam, agradecidos por seus esforços e conquistas apostólicas. No amor e na oração, associamo-nos a todos esses inúmeros homens e mulheres da nossa tradição espiritual, que nos foram propostos pela Igreja como amigos e válidos intercessores que nos ajudam a levar a cabo a nossa missão.
Primeira Parte: O nosso carisma
4. Finalidade: Nossa Comunidade é formada por cristãos -homens e mulheres, adultos e jovens, de todas as condições sociais -que desejam seguir a Jesus Cristo mais de perto trabalhar com Ele para a construção do Reino, e que reconheceram a Comunidade de Vida Cristã como sua vocação particular na Igreja. Nosso objetivo é tornar-nos cristãos comprometidos dando testemunho, na Igreja e na sociedade, daqueles valores humanos e evangélicos que afetam a dignidade da pessoa, o bem-estar da família e a integridade da criação. Somos particularmente conscientes da necessidade premente de trabalharmos pela justiça, por meio de uma opção preferencial pelos pobres e de um estilo de vida simples que expresse nossa liberdade e solidariedade com eles. A fim de preparar mais eficazmente nossos membros para um testemunho e um serviço apostólicos, especialmente em nosso ambiente cotidiano, reunimos em comunidade pessoas que sentem uma necessidade mais urgente de unir sua vida humana, em todas as suas dimensões, com a plenitude de sua fé cristã, de acordo com nosso carisma. Procuramos atingir essa unidade de vida em resposta ao chamado de Cristo a partir do mundo em que vivemos.5. Fontes: A espiritualidade de nossa Comunidade está centrada em Cristo e na participação no Mistério Pascal. Brota da Sagrada Revelação, da liturgia, do desenvolvimento doutrinário da Igreja e da revelação da vontade de Deus através dos acontecimentos de nosso tempo. No contexto destas fontes universais, consideramos os Exercícios Espirituais de Santo Inácio como a fonte específica e o instrumento característico de nossa espiritualidade. A nossa vocação nos convoca a viver esta espiritualidade, que nos abre e nos dispõe a todos os desejos de Deus em cada situação concreta de nossa vida cotidiana. Reconhecemos particularmente a necessidade da oração e do discernimento, pessoal e comunitário, do exame de consciência cotidiano e da direção espiritual como meios importantes para buscar e encontrar a Deus em todas as coisas.
6. Sentido de Igreja: A união com Cristo leva à união com a Igreja na qual Cristo continua aqui e agora sua missão salvadora. Tornando-nos sensíveis aos sinais dos tempos e às moções do Espírito, estaremos mais preparados para encontrar a Cristo em todas as pessoas e em todas as situações. Partilhando a riqueza de sermos membros da Igreja, participamos na liturgia, meditamos a Escritura e aprendemos, ensinamos e promovemos a doutrina cristã. Trabalhamos junto com a hierarquia e outros líderes eclesiais, motivados por uma comum preocupação com os problemas e o progresso de todas as pessoas, abertos às situações em que a Igreja se encontra hoje. Este sentido de Igreja nos impele a uma colaboração criativa e concreta na obra de fazer avançar o Reino de Deus na terra, e inclui uma disponibilidade para partir e servir ali onde as necessidades da Igreja o exigirem.
7. Laços comunitários: O dom de nós mesmos encontra sua expressão em um compromisso pessoal com a Comunidade Mundial, através de uma comunidade local livremente escolhida. Esta comunidade local, centrada na Eucaristia, é uma experiência concreta de unidade no amor e na ação. De fato, cada uma de nossas comunidades é uma reunião de pessoas em Cristo, uma célula de seu Corpo Místico. Estamos vinculados por nosso compromisso comum, nosso estilo de vida comum e nosso reconhecimento e amor por Maria como nossa Mãe. Nossa responsabilidade em desenvolver os vínculos da comunidade não se detém em nossa comunidade local, mas estende-se à Comunidade de Vida Cristã Nacional e Mundial, às comunidades eclesiais (paróquia, diocese) das quais fazemos parte, a toda a Igreja e a todas as pessoas de boa vontade.
8.Vida apostólica: Como membros do Povo de Deus a caminho, recebemos de Cristo a missão de sermos suas testemunhas perante todas as pessoas, através de nossas atitudes, palavras e ações, identificando-os com a missão de anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a liberdade aos cativos, dar a vista aos cegos, libertar os oprimidos e proclamar o ano de graça do Senhor. Nossa vida é essencialmente apostólica. O campo da missão da CVX não conhece limites: estende-se à Igreja como ao mundo, a fim de levar a Evangelho da salvação a todos e servir às pessoas e à sociedade, abrindo os corações à conversão e lutando para transformar as estruturas opressoras.
a) Cada um de nós recebe de Deus um chamado para fazer Cristo e sua ação salvífica presentes em nosso ambiente. Este apostolado pessoal é indispensável para estender o Evangelho de uma maneira duradoura e penetrante entre a grande diversidade de pessoas, lugares e situações.
b) Ao mesmo tempo, exercitamos um apostolado corporativo ou grupal em uma grande variedade de formas, seja através da ação de grupo iniciada ou sustentada pela Comunidade através de estruturas adequadas, seja através do envolvimento de membros em organizações e esforços seculares e religiosos já existentes.
c) A Comunidade ajuda-nos a viver este compromisso apostólico em suas diferentes dimensões e a ser sempre abertos ao que é mais urgente e universal, particularmente através da "Revisão de Vida” e do discernimento pessoal e comunitário. Procuramos dar um sentido apostólico até mesmo às mais humildes realidades da vida cotidiana.
d) A Comunidade nos impele a proclamar a Palavra de Deus e a trabalhar pela reforma das estruturas da sociedade, participando dos esforços de libertação das vítimas de toda sorte de discriminação e, sobretudo, para abolir as diferenças entre ricos e pobres. Queremos contribuir para a evangelização das culturas a partir de dentro. Desejamos fazer tudo isto com um espírito ecumênico, prontos a colaborar com aquelas iniciativas que trabalhem pela unidade dos cristãos. Nossa vida encontra a sua permanente inspiração no Evangelho do Cristo pobre e humilde.
9. União com Maria: Uma vez que a espiritualidade de nossa Comunidade está centrada em Cristo, vemos o papel de Maria em relação a Cristo. Ela é o modelo de nossa própria colaboração com a missão de Cristo. A cooperação de Maria com Deus começa com seu "sim" no mistério da Anunciação-Encarnação. O seu serviço efetivo, como se expressa na sua visita a Isabel, e sua solidariedade com os pobres, como se reflete no Magnificat, fazem com que ela se torne uma inspiração para a nossa ação pela justiça no mundo de hoje. A cooperação de Maria na missão do seu Filho, continuada ao longo de toda a sua vida, nos inspira a dar-nos totalmente a Deus em união com Maria que, aceitando os desígnios de Deus, tornou-se nossa mãe e mãe de todos. Assim continuamos a nossa própria missão de serviço ao mundo recebida no batismo e na confirmação. Honramos Maria, a Mãe de Deus, de um modo especial, e confiamos na sua intercessão para levarmos a pleno cumprimento nossa vocação.
Segunda Parte: Vida e organização da Comunidade
10. Membros: Tornar-se membro da Comunidade de Vida Cristã (CVX) pressupõe uma vocação pessoal. Durante um período de tempo determinado nas Normas Gerais, o candidato é introduzido no estilo de vida próprio da CVX. Este período de tempo permite ao candidato e à Comunidade discernirem sua vocação. Uma vez tomada a decisão, e aprovada pela Comunidade, o membro assume um compromisso temporário e, com o auxílio da Comunidade, comprova sua aptidão para viver de acordo com o fim e o espírito da CVX. Depois de um período de tempo conveniente, determinado pelas Normas Gerais, assume-se o compromisso permanente.11. Laços Comunitários: Como um primeiro meio de formação e de crescimento contínuo, os membros se reúnem regularmente em uma comunidade local estável, que assegure a cada membro uma partilha profunda da sua fé e da sua vida, urna verdadeira atmosfera comunitária e um decidido compromisso com a missão e o serviço.
12. Estilo de vida:
a) O estilo de vida da Comunidade de Vida Cristã compromete seus membros a buscar, com o auxílio da comunidade, um contínuo crescimento pessoal e social, que é espiritual, humano e apostólico. Isto comporta, na prática: uma participação na Eucaristia sempre que possível; uma intensa vida sacramental; prática diária de oração pessoal, especialmente aquela baseada na Sagrada Escritura; discernimento por meio de uma revisão diária da própria vida e, se possível, direção espiritual regular; uma renovação interior anual conforme as fontes de nossa espiritualidade; e amor à Mãe de Deus.
b) Já que a Comunidade de Vida Cristã tem como objetivo trabalhar com Cristo na instauração do Reino de Deus, todos e cada um dos membros estão chamados a participar ativamente no vasto campo do serviço apostólico. O discernimento apostólico, tanto pessoal como comunitário, é o meio usual de descobrir o melhor modo de tornar a Cristo presente, de forma concreta, em nosso mundo. Nossa ampla e urgente missão requer de cada membro uma pronta e ardente disposição de participar da vida social e política e de desenvolver qualidades humanas e habilidades profissionais, a fim de se tornar trabalhador mais competente e testemunha mais convincente. Além disso, esta missão exige ainda mais simplicidade em todos os aspectos da vida, para seguir mais de perto a Cristo em sua pobreza para preservar a liberdade apostólica interior. Finalmente, cada um assume a responsabilidade de participar das reuniões e outras atividades da Comunidade, e de ajudar e encorajar os outros membros a realizar sua vocação pessoal, sempre prontos todos a dar e receber conselho e ajuda como amigos no Senhor.
13. Governo:
a) A Comunidade Mundial de Vida Cristã é governada pela Assembleia Geral que determina as políticas e normas, e pelo Conselho Executivo, que é o responsável por sua implementação ordinária. A composição e funções destes organismos estão especificadas nas Normas Gerais.
b) A Comunidade Nacional, constituída segundo as Normas Gerais, compreende todos os membros que em um determinado país procuram viver o estilo de vida e a missão CVX. A Comunidade Nacional é governada por uma Assembleia Nacional e por um Conselho Executivo. Seus objetivos são assegurar as estruturas e programas de formação necessários para responder efetivamente àquilo que é necessário para o desenvolvimento harmonioso de toda a Comunidade, e para uma participação efetiva da Comunidade de Vida Cristã na missão da Igreja.
c) As Comunidades nacionais podem, se acharem útil, estabelecer ou aprovar comunidade ou centros regionais ou diocesanos, compreendendo as comunidades locais de determinada região, diocese, cidade ou instituição. Estas se constituem de acordo com as Normas Gerais e os Estatutos Nacionais.
14. Assistente Eclesiástico: A Comunidade de Vida Cristã em cada nível tem um assistente eclesiástico, designado em conformidade com o Direito Canônico e as Normas Gerais. O assistente toma parte na vida da comunidade em seus vários níveis, de acordo com as Normas Gerais.Trabalhando em colaboração com outros líderes da comunidade, tem como principal responsabilidade o desenvolvimento cristão de toda a comunidade, e ajuda seus membros a crescer na descoberta dos caminhos de Deus, especialmente através dos Exercícios Espirituais. Em virtude da missão que lhe foi confiada pela hierarquia, cuja autoridade representa, tem também responsabilidade especial pelas questões doutrinais e pastorais e pela harmonia própria de uma comunidade cristã.
15. Propriedade: A Comunidade de Vida Cristã em cada nível pode, se for útil, possuir e administrar bens como pessoa eclesiástica de Direito público, de acordo com o Direito Canônico e as leis civis do país em questão.A propriedade e a administração de tais bens pertencem à respectiva comunidade.
Terceira Parte: Aceitação dos Princípios Gerais
16. Modificação dos Princípios Gerais: Os Princípios Gerais aprovados pela Assembleia Geral e confirmados pela Santa Sé como Estatutos fundamentais desta Comunidade Mundial, expressam a identidade fundamental e o carisma da Comunidade de Vida Cristã e, por conseguinte, seu vínculo com a Igreja. As emendas a estes Princípios Gerais requerem um voto majoritário de dois terços da Assembleia Geral e confirmação pela Santa Sé.17. Suspensão e exclusão: A aceitação dos Princípios Gerais da Comunidade de Vida Cristã é um pré-requisito para ser membro da CVX em qualquer nível. A falta significativa de observância deles por parte de um membro ou de uma comunidade local é causa de suspensão e eventual exclusão por parte da Comunidade Nacional. A falta significativa de ação por parte de uma Comunidade Nacional, quando uma de suas comunidades locais não está observando os Princípios Gerais, é causa para sua suspensão e eventual exclusão da Comunidade Mundial. Sempre permanece o direito de apelação de uma decisão local ou Regional à Comunidade Nacional, e de uma decisão nacional à Comunidade Mundial.
ÍNDICE
Preâmbulo [1-3]
Primeira Parte: O nosso carisma [4-9]
Segunda Parte: Vida e organização da Comunidade [10-15]
Terceira Parte: Aceitação dos Princípios Gerais [16-17]