PIOS COSTUMES DAS CC.MM. EM OCASIÕES DE FALECIMENTOS DE CONGREGADOS

1) São os seguintes os textos do nosso antigo regulamento de vida.

a) “O zelo e o devotamento devem redobrar nos últimos momentos de um companheiro, avisando prudentemente o enfermo da necessidade de ordenar os negócios da consciência; em tais casos, avisar a Diretoria da Congregação para que se cumpram os pios costumes de assistência nos congregados enfermos ou providenciar individualmente na falta da Diretoria”.

b) “Como irmãos extremosos, ajudá-lo a lutar, nos últimos momentos, com fé,  confiança e amor; assisti-lo com suas orações e com sua aflição e providenciar para que esta assistência, não falte um só instante”.

c) Após a morte de seu companheiro, providenciar, na falta da Congregação, para que se celebrem os sufrágios por alma do falecido; fazer por intenção dele as duas primeiras comunhões, rezar três terços, o Ofício de Finados e assistir à Missa de sétimo dia mandada celebrar pela Congregação”.

2) Não é intuito nosso, nesta página, ocuparmo-nos com a assistência devida aos enfermos até o momento final. O Manual dos Congregados encerra um belo Ofício da Agonia que poderá ser um precioso recurso para esse momento terrível e grandioso.

Aqui tratamos dos deveres de um congregado, logo após o falecimento de seu irmão espiritual.

Evite-se falar sobre estes procedimentos póstumos na presença do moribundo.

APÓS EXPIRAR
3) Assim é que, depois de ajudar a compor cristãmente o cadáver, colocando-lhe nas mãos o crucifixo com que expirou, devem, de joelhos ante o leito mortuário, rezar as orações do Manual, sob o título “Depois de expirar”.

4) Se, por descuido, o congregado expirou sem a fita e a medalha, devem estas ser colocadas imediatamente do finado.

5) Importa notar que, se o dever de assistência, nesses momentos, compete, em geral, a todos os os congregados, esse mesmo dever exige-se, de modo muito mais direto, do Presidente e dos demais membros da Diretoria.

6) Terminadas, pois, as orações do Manual, enquanto os outros congregados permanecem rezando, um sairá para providenciar a notícia do falecimento aos demais elementos da Diretoria e a todos os irmãos.

O AUXÍLIO À FAMÍLIA
7) Os congregados presentes e os que puderem devem colocar-se á disposição da família do morto e tomarem as iniciativas que, nessas ocasiões, são tão penosas aos parentes, como sejam, a acomodação do cadáver, as providências para os funerais, procurando evitar, à familia enlutada, ainda sob a impressão terrível desse golpe fatal, ter que pensar e resolver essas particularidades, o que é quase impossível diante da dor. A caridade recebida nesses momentos nunca mais se esquece e nunca mais se paga.

O VELÓRIO
8) Para a guarda ao corpo do finado, a Diretoria deve designar pequenas turmas que se revezem até o momento da saída do féretro, principalmente se o cadáver deve permanecer sendo velado durante a noite, para sair no dia seguinte. Os marianos encarregados da guarda funerária devem ocupar todo esse tempo rezando por alma do finado e evitar distrações e conversas. As orações próprias são o Ofício de Finados e os Salmos, além de outras. Devem, outrossim, apresentar-se com a fita de congregado.

9) A câmara mortuária deve ser disposta a caráter, isto é, além do crucifixo, ladeado por 2 velas, à cabeceira do defunto, deve-se colocar, sendo possível, uma imagem de Nossa Senhora piedosamente ornada. A bandeira ou o estandarte da Congregação devem ser colocados próximo ao cadáver.

A cor predominante deve ser a azul em lugar de negro. O caixão deve ser azul e não preto e trazer o escudo da Congregação do lado externo. Além da fita de congregado e da medalha, deve-se colocar ainda nas mãos do cadáver, piedosamente postas em atitude de oração, algum objeto piedoso como um crucifixo ou um terço bento. Sobre o féretro, coloque-se um ramalhete de flores simbólicas da virtude que o finado mais amou em vida, dentre as quatro virtudes características do espírito mariano: os lírios simbolizam a pureza, as violetas a humildade, as sempre-vivas a obediência e as rosas, a caridade.

AS EXÉQUIAS
10) À entrada do Sacerdote, para dar começo ás Exéquias, todos os congregados devem estar reunidos no local do velório trazendo as suas fitas. Procurarão, nessas ocasiões, manter-se, o mais possível, recolhidos e meditativos, evitando a conversa e outras atitudes impróprias que tanto desedificam e desgostam as pessoas verdadeiramente piedosas. Ao iniciar o sacerdote, as orações, devem os congregados acompanhá-las com atenção.

Antes de fechar o caixão rezem juntos o “Oremos. Ó Deus, de quem é próprio compadecer-se e perdoar” etc. e cantem: “Os anjos conduzam-te ao Paraíso", etc.

O CORTEJO FÚNEBRE
11) Se não houver outros desígnios por parte da família do finado, devem os congregados conduzir o caixão. O vexilário dirigirá o cortejo fúnebre conduzindo a bandeira ou o estandarte da Congregação.

12) Durante o percurso devem os congregados, todos juntos ou em pequenos grupos, quando o cortejo se faz de automóvel, ocupar todo o tempo rezando as orações indicadas nas Exéquias ou o Ofício de Finados.
Não conversem durante o trajeto mas ocupem todo o tempo com orações.

13) Se o caixão mortuário deve passar pela Igreja, conforme o ritual comum, os congregados devem, à porta do templo, formar duas alas, à passagem do féretro. Deve-se preferir depositar o caixão junto ao altar de Nossa Senhora se não houver inconveniente, e se, a isso, não se opuser o Pároco. As orações a serem rezadas, então, são as das Exéquias. À saída do templo para o cemitério, devem os congregados entoar, com toda a piedade, “Com minha Mãe estarei” enquanto o féretro se retira. A bandeira ou o estandarte da Congregação deve ir à frente do caixão, abrindo o préstito.

Embora nem sempre possível, seria muito consolador e significativo que a imagem de Nossa Senhora fosse conduzida pelos congregados acompanhando o préstito, como outrora, acompanhou a Virgem o enterro de seu Divino Filho. Para esse préstito, obedeça-se em tudo ao que ficou disposto para o primeiro, no que se refere ao procedimento piedoso e as orações indicadas.

14) O cortejo segue processionalmente para o sepulcro. Durante este trajeto, se for feito a pé, devem fazê-lo com a maior ordem, seguindo os congregados em 2 filas. Durante o caminho rezem ou cantem “Com minha Mãe estarei”, “No céu verei Maria” ou “Eu prometi”, cânticos estes que muito se adaptam. Se o cortejo é feito de automóvel, deve-se ocupar o tempo em orações, como ficou dito.

O SEPULTAMENTO
15) O cortejo pára diante da sepultura. À beira do túmulo, tudo se procede de acordo com o ritual. O caixão pode ser aberto pela última vez.

16) Fechado o caixão, antes de descer à sepultura, o vexilário inclina a bandeira da Congregação ou o estandarte, cobrindo-o como um último amplexo, enquanto os congregados cantam em atitude de oração e piedosamente "In paradisum”. Acabado o cântico, o vexilário retira a bandeira.

17) Descido o caixão à sepultura, enquanto se procede o enterramento, os congregados cantam pela ultima vez o “Cântico da Esperança”.

18) Ao sair do cemitério, devem sair em grupo, acompanhando o Sacerdote nas orações marcadas pelo ritual. Devem evitar nesse momento atitudes impróprias, como a conversa e o riso, mas conservar-se dentro da mais digna e racional compunção.

APÓS O SEPULTAMENTO
19) Nesse dia, pelo menos, ao toque das almas, deve o congregado recitar o Salmo "De Profundis”, "Clamei por vós Senhor das profundezas do abismo”, etc. O certo, porém, seria que todos os congregados rezassem individualmente, todos os dias, a essa hora, o Salmo supra, encerrando-o com um Padre Nosso pelas almas do Purgatório.

O LUTO
20) A bandeira da Congregação deve ser hasteada em funeral, na sede da Congregação, por dois dias, a partir do dia do falecimento; durante esse tempo, devem ser suspensos, na Congregação, os jogos e quaisquer outras atividades ruidosas ou manifestações de alegria.

21) Na sede da Congregação deve haver um quadro afixado numa das paredes com o nome dos congregados falecidos e a data do óbito, a fim de que os congregados se lembrem de rezar pelos irmãos falecidos, principalmente na data da morte. No dia do passamento de um congregado, o Presidente mandará colocar, nesse quadro, o nome do morto e a data.

A PRIMEIRA REUNIÃO APÓS O FALECIMENTO
22) Na primeira reunião ordinária da Congregação, o Presidente mandará colocar, à altura desse quadro, 2 círios acesos, a fim de chamar a atenção e invocar a piedade dos congregados pela alma do morto.

23) Nessa reunião, rezar-se-á o Ofício de Finados, e, se houver assembleia, o Diretor falará sobre a pessoa do finado. A comunhão far-se-á por sua alma e, no livro de atas, registrar-se-á o óbito.

A MISSA DE SÉTIMO DIA
24) A Congregação mandará celebrar Missa de sétimo dia. Pará isso providenciará o Presidente, ordenando que se expeça aviso nesse sentido e com a antecedência necessária a todos os congregados, marcando local, dia e hora, bem como lembrando os deveres individuais marcados pela Regra, relativamenle à alma do irmão falecido, isto é: rezarem três  terços, o Oficio de Finados e assistirem à Missa fúnebre mandada rezar pela Congregação. A Comunhão do segundo Domingo do mês é, de acordo com o regulamento, aplicada pelas almas dos congregados falecidos e, nesse dia, se aplicará pela alma do finado.

25) Na Missa de sétimo dia (ou de trigésimo ou de aniversário) para a qual se deve convidar a família do finado, os congregados deverão apresentar-se incorporados com suas fitas.

26) O celebrante que, nessas ocasiões, costuma ser o próprio Diretor da Congregação, fará, logo após o Evangelho, uma alocução em que relembrará as virtudes do congregado falecido.

27) Após a missa de 7.° dia, costuma-se, às vezes, realizar a bênção da eça ou catafalco armado no centro da Igreja. Em se tratando das exéquias de um congregado, revista-se de azul a eça e coloque-se em lugar visível a bandeira e o escudo da Congregação. Para uma filha de Maria, revista-se de branco a eça e coloque-se também, de lado, a bandeira ou o estandarte da Congregação. Se se pretende ornamentar com flores, sejam elas, de preferência, os lírios que tanto condizem com o espírito mariano e tão bem o representam.

28) Durante a bênção da eça, os congregados não devem sair dos seus lugares. O sacerdote revestido de pluvial negro aproxima-se da eça; o ministro fixa-se do lado oposto ao altar e de frente para este, trazendo uma cruz entre dois acólitos, com candelabros acesos. O Presidente reza com os congregados as mesmas orações que o Sacerdote. O Responsório “Libera-me” pode ser dialogado entre os congregados. De muito maior efeito, porém, seria, se fosse cantado pelos mesmos. Terminada a última oração, os congregados entoam “In paradisum” ou "Resquiescat in pace. Amen" com a maior piedade e sentimento. Terminam assim as cerimônias.

AINDA SOBRE O LUTO
29) Para acompanhar o luto da Congregação e como prova de sentimento de fraternidade, os congregados usarão durante 3 dias, após a morte do companheiro, uma pequena fita preta na lapela do distintivo.

30) A Congregação não deve omitir os pêsames que devem ser enviados à família do falecido, ficando isso a cargo da Diretoria.

O DESTINO DO DIPLOMA
31) Os diplomas do congregado falecido costumam ser remetidos à Congregação depois do falecimento do mesmo, pela própria família do finado, principalmente quando a morte se deu em lugar distante da Congregação. É o sinal da morte e o pedido dos sufrágios a que o congregado tem direito. Esse diploma ficará arquivado como piedosa lembrança.

AS INDULGÊNCIAS PARA O CONGREGADO DEFUNTO 
32) Todas as indulgências que são ou forem concedidas à Congregação, exceção feita das da hora da morte, podem aplicar-se às almas do Purgatório.

A Santa Missa celebrada por alma de um congregado tem o privilégio de sempre merecer-lhe a indulgência do "altar privilegiado". Chama-se altar privilegiado aquele a que o Soberano Pontífice concedeu indulgências plenárias aplicáveis aos defuntos, pelas almas dos quais nele se celebrarem Missas, em quaisquer dias ou em dias determinados.

SOBRE A SEPULTURA
33) A sepultura é também coisa digna de atenção. Quaisquer símbolos não servem para a campa de um cristão e menos ainda de um congregado mariano. São símbolos pagãos: a clepsidra (antigo relógio de água), a coluna partida, a urna coberta por um véu, a foice, o facho apagado a fumegar, os gêmeos alados e outros. O Cardeal Van Roey, Arcebispo de Malinas, em um aviso sobre a liturgia dos mortos, proibiu também o emblema fúnebre da caveira e dos ossos cruzados na ornamentação fúnebre das Igrejas, das eças e dos túmulos. O símbolo cristão é, por excelência, a Cruz. Outros há, porém, usados desde as catacumbas romanas. Tais são: a fênix que, embora mitológica, parece muito apropriada a representar a morte e a ressurreição cristã. Esta ave fabulosa que, segundo a lenda, vivia muitos séculos nos desertos da Arobia, quando sentia avizinhar-se a morte, construía um ninho de plantas aromáticas que os raios do sol incendiavam e, nele, se deixava consumir. Da medula de seus ossos nascia um verme que se transformava em nova fênix. Além deste, a figura suave da ovelhinha, significando a docilidade: a pomba com o ramo de oliveira no bico, significando a paz e a fidelidade; o delfim (espécie de cetáceo que os antigos consideravam como amigo do homem) unido a um tridente ou a uma âncora e representando Jesus Cristo como nossa salvação e esperança; o monograma de Cristo; a imagem do Bom Pastor e outros. Para o túmulo de um mariano, é muito adaptado o monograma de Maria cercado de doze estrelas, a imagem da Virgem, especialmente segundo a encantadora visão de S. Catarina Labouré, o escudo da Congregação, o emblema da Ave Maria, os símbolos das virtudes marianas e outros. Plantem-se lírios sobre a sua campa e deles se faça o motivo predominante da ornamentação, a fim de lembrar aos marianos que a própria morte orna com a sua pureza.

34) O uso das flores, como decoração fúnebre, nos cemitérios e nos funerais, não é proibido pela Igreja, mas tolerado. A Sagrada Congregação dos Ritos respondeu a uma pergunta formulada nesse sentido o seguinte: — tolerari potest — pode ser tolerado (16 de junho de 1893). Entre os Padres da Igreja antiga, S. Ambrósio, S. Jerônimo, S. Basílio e outros, condenaram o abuso, o excesso deste costume que, muitas vezes, degenera em luxo e exibicionismo impróprios do espirito cristão. É preciso, sem dúvida, que as coisas sensíveis não tomem o lugar das coisas espirituais; a medida, porém, existe para elas e deve ser observada.