FISIONOMIA E CARACTERÍSTICAS DO DIRIGENTE

Do Livro "Para ser Dirigente" do congregado 
ANTONIO MAIA

Dirigente não pode ser qualquer um, é claro. Qualquer um, porém, pode chegar a ser Dirigente. Basta apenas força de vontade e amor à causa, além de certas qualidades naturais, especialmente o equilíbrio psicológico. E, tendo-se amor à causa e força de vontade, empreende-se o outro estágio: formação. E quem está formado "apostoliza", isto é, sente o desejo incoercível de transmitir a outrem o que sabe. Eis ai o Dirigente.

1 - VIDA INTERIOR

• Sem o trato frequente com o Divino Chefe, o Dirigente fatalmente há de fracassar em todas as empresas.

• Não nos acercamos amiúde dos nossos superiores para beber-lhes as lições, os exemplos e os ensinamentos, para aprender-lhes a técnica e aproveitar-lhes a experiência? Como não fará o Dirigente o mesmo com Deus, de quem recebeu a autoridade ele que está revestido?

• Acercar-se dos sacramentos com frequência, e se possível até diariamente do Sacramento da Eucaristia, será a maior preocupação do Dirigente, pois de outro modo não haverá forças humanas que o façam suportar o fardo das responsabilidades que recaem sobre seus ombros.

• A meta principal a atingir será sempre Deus, seja qual for o ideal ou a causa que abraçar o Dirigente.

• Sem o Mestre Divino a nortear o caminho do Dirigente, tudo o mais será vão e inconsistente. Sobretudo na Eucaristia, o Dirigente vai haurir forças para a longa jornada.

• Quando faltarem todos e tudo ao Dirigente, quando a incompreensão, a injustiça, a maldade, a hipocrisia tomarem lugar da gratidão, da caridade, do bem, da lealdade, restará o Sacrário onde Deus escondido, onde Deus todo-amor e remédio espera o Dirigente para um colóquio balsâmico e vivificador.

• No labor cotidiano, sempre haverá ocasiões em que o Dirigente parecerá que está sozinho, que o peso das amarguras vai esmagá-lo e muitas vezes até duvidará ele do Ideal que segue, da Causa que abraçou! Qual o remédio infalível? Deus, mais ninguém!

• Dizendo ser o Dirigente em primeiro lugar um homem de oração cremos ter dito tudo. Já não se disse, com muita propriedade, que 'a oração é o telefone pelo qual falamos com Deus?' E o Dirigente deve viver discando para Deus. O Dirigente dirá como Cristo: "Não vim para ser servido, mas para SERVIR".

• Ser Dirigente sozinho, somente com sua própria força, é simplesmente impossível, por ser uma função esmagadora. Mas, como se torna fácil e até sumamente agradável quando se apoia e se divide o fardo com Deus!

• A alma do verdadeiro Dirigente há de ser tão plena de beleza que deveríamos poder ouvir de algum modo aquela frase do Anjo - a mais bela frase que se pode ouvir - dirigida a nossa Rainha: "Ave, cheia de graça"!

• Séria confissão de Rigaux: "Sempre que me deixei diminuir como cristão, enfraqueci como Chefe".

• Grande a missão do Dirigente, tremenda a sua responsabilidade: sua autoridade é uma participação da autoridade divina, pois toda legítima autoridade vem de Deus.

• Por isso, o segredo do verdadeiro Dirigente não é senão o próprio Deus. "Com ele, para Ele e nEle", eis o programa do Dirigente.

• O Dirigente insere-se no plano de Deus; tudo coloca no plano do seu Chefe Divino. Ser totalmente dominado por esse grande desejo é a diretriz do Dirigente.

• O Dirigente apaga-se diante da obra a ser empreendida, mas entrega-se a Deus, seu Supremo e único auxilio.

• Muitas vezes o fracasso traz o selo de Deus, pois ele costuma experimentar a têmpera dos homens, mormente dos escolhidos. E o Dirigente é um escolhido.

• Não importa tão-somente vencer, mas fazer. O Dirigente faz a sua parte e Deus fará a Dele.

• O Dirigente nunca está sozinho, mesmo nas horas de pior solidão, porque Deus não abandona ninguém, muito menos aqueles que chamou para participarem da sua autoridade.

• Muitas vezes o Dirigente terá que continuar sozinho, isto é, desacompanhado dos seus colaboradores. Não diminuirá aí o seu quinhão de certeza, seu quinhão de sonho, seu quinhão de amor pelo bem comum, porque o Dirigente deve ser um forte, e aos fortes não poderão faltar as virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade.

• Já se disse em termos populares que o Dirigente é aquele que "aguenta firme". Sustenta o fogo que a vitória é certa.

• O Dirigente mantém-se puro, é firme e torna-se seguro, isto é, procura unicamente a Verdade, o Bem e a Justiça, não faltando jamais com a caridade. Eis um seríssimo programa a seguir.

• As dificuldades e a provação são os carismas das coisas de Deus, e o Dirigente não teme e não foge a elas: ama-as.

• Muitas vezes, o Dirigente tem que ter forças para ficar sozinho contra todos, e só em Deus encontrará esta força.

• O autêntico Dirigente sabe colocar-se em seu verdadeiro lugar entre os subordinados e diante de Deus: é, portanto, humilde.

• O Dirigente fará objetiva e valentemente tudo o que lhe for possível e abandona-se a Deus, rezando.

• Ao Dirigente se impõem contatos frequentes com a natureza. Isto o descansa, equilibra-o e permite ver a Deus.

• Ao Dirigente é indispensável saber "Ver" a Deus.

• Vê-se Deus pela prática da meditação cotidiana, pela prática dos sacramentos, pela vida de oração. E o Dirigente "vê" a Deus todos os dias. O Dirigente crê ainda, e obstinadamente, no contágio do Bem, no poder da Verdade e na força do Amor.

• O Dirigente aceita os espinhos e não cuida que tudo esteja perdido quando eles sobrepujam as pétalas.

• O Dirigente desperta as almas para a grandeza divina e associa a todos nos planos de Deus.

• O Dirigente reza por si e pelos outros e nunca está separado de Deus, jamais escapa à sua influência.

• Há sempre necessidade dele parar um pouco para ver o que se fez e o que se tem a fazer.

• Somente num Retiro isto é possível, e o Dirigente não pode furtar-se a esta pausa.

• O Dirigente sabe que o Retiro é um posto abastecedor como os há em toda a estrada. Sem lubrificação e gasolina a máquina para, forçosamente.

• Sem profunda vida interior, todo cargo de mando constitui seríssimo perigo, pois a fraqueza desvirtua facilmente os fins últimos. Todo Dirigente, portanto, é nm homem de profunda vida interior.

• Ah! Se os Dirigentes soubessem como necessitam da comunhão frequente, e como lucram com a comunhão diária!

II - AMOR E HUMILDADE

• O Dirigente tem que fazer-se obedecer e fazer-se amar. E isto ele só o fará amando e obedecendo também. Se o Dirigente não formar e conquistar a todos, se não os vencer e se não se fizer amado por todos, primeiro através do coração, jamais o conseguirá por outros meios.

• O Dirigente que saiba fazer-se amado e saiba amar verá que, com confiança e afeto, se resolvem todas as dificuldades.

• O Dirigente disciplina sem aviltar, porque o amor é serviço que provoca serviço: amando estou servindo, servindo estou amando; logo, só posso receber o mesmo em troca.

• Erra o Dirigente ao imaginar que se dirige por uma voz tonitroante, gestos duros e atitudes irredutíveis, pois o Dirigente - sem derrogar as atitudes firmes - deve possuir aquele "amor do próximo", porque seu cargo é o de SERVIR e não ser "servido".

• Toda a autoridade vem de Deus, mas é dada ao Dirigente, não em benefício próprio, mas dos outros, por isso o Dirigente cumpre sua missão antepondo ao bem pessoal e aos interesses particulares o bem comum e a causa que abraçou, supondo-se, é claro, ser verdadeira e justa.

• A missão do Dirigente, portanto, não é apenas missão, mas vocação, chamamento, quase, diríamos, predestinação.

• Alguém é Dirigente em nome de Deus; logo, é unicamente para tornar os homens semelhantes a Deus, ajudando-os e amando-os, que o Dirigente cumpre sua missão, sua vocação, sua predestinação".

• Autoridade liga-se à existência e à consciência de uma missão superior. E esta missão o Dirigente a tomou, não em seu proveito próprio, mas para bem daqueles que dirige. Conduz uma comunidade, porque tem valor, capacidade e bondade, mas o faz por Deus e para Deus.

• Mandar é servir, logo, o Dirigente há de servir e não servir-se.

• Não pode ser Dirigente aquele que ama demasiadamente a si próprio, que não tem preocupação de mudar e ver o mundo melhor, que não sente em si as dores do próximo.

• O que importa é a obra a realizar, o ideal a abraçar, a causa a servir. Assim sendo, o Dirigente não perderá tempo consigo mesmo, nem atrapalhará os subordinados com a sua pessoa, com o seu 'eu', porque aqueles que virem viver desinteressado e humilde o Dirigente, ficarão seus amigos.

• Não há Dirigente eficaz sem amor, porque tudo o que se consegue pela força é de duração efêmera, pois a adesão completa das vontades, dos espíritos e dos corações, só se obtém pelo coração.

• Quanto mais elevado for o Dirigente em grau de hierarquia, tanto mais deve crescer o seu amor pelos subordinados.

• O Dirigente nunca será demasiadamente delicado, pois terá sempre presente que lida com seres humanos, susceptíveis e ansiosos de compreensão.

• É essencial no Dirigente o dever de respeitar nos subordinados a sua dignidade de pessoas inteligentes e livres.

• Ao homem repugna a servidão, mas agrada o serviço; preciso é, no entanto, que sinta a estima e a confiança do Dirigente.

• Há Dirigentes que estão sempre prontos a censurar ou punir, nunca porém, a louvar ou agradecer mesmo aquilo que se deve fazer por dever.

• O dever de fazer ou obedecer não exclui o louvor do Dirigente quando os subordinados trabalharam a contento.

• Nada desestimula tanto como a indiferença e o silêncio do Dirigente após um empreendimento para o qual exigiu sacrifícios.

• Nada há de melhor para estimular o subordinado do que saber-se apreciado pelo Dirigente e dele merecer total confiança e amizade.

• E o Dirigente, por isso, deve saber mostrar sua satisfação e demonstrar seu amor, sua confiança e amizade no momento em que o subordinado dela sente necessidade para continuar.

• A tendência do homem é sempre revoltar-se contra o trabalho que lhe é imposto, sentindo-se, porém, honrado com a atividade que se lhe confia. E ai do Dirigente que desconhecer isto!

• O Dirigente deve fazer seus subordinados partilharem do ideal que o anima, pois de outro modo lhe será impossível a cooperação por amor. Te-la-á por indiferença ou por interesses secundários.

• A colaboração se obtém colaborando. E a melhor forma de colaboração o Dirigente encontra no amor e na amizade ao subordinado.

• O Dirigente não envolve no triunfo somente sua pessoa, seu valor, seus esforços, mas, pelo contrário, aponta e frisa sobretudo a colaboração dos subordinados.

• Alijar dos sucessos a colaboração e o valor de cada um é suma injustiça que o Dirigente jamais cometerá.

• Um Dirigente que dá pessoalmente o exemplo consegue tudo dos seus subordinados, pois aqueles que vêem o superior trabalhar com afinco, desprezar confortos, esquecer canseiras, suportar incompreensões, numa palavra: dar-se, sente-se impelido a fazer o mesmo.

• Evite o Dirigente falar de si mesmo porque impressiona agradavelmente esquecermo-nos de nós mesmo e só falar nos outros (não confundir com falar dos outros!).

• O "eu" é detestável, sobretudo no exercício da autoridade. Não é mil vezes melhor o Dirigente dizer "nós"? Este "nós" não é apenas humilde ou gentil, mas sobremodo justo.

• O prestígio do Dirigente vem-lhe mais do amor e dedicação aos subordinados que propriamente do valor pessoal ou técnico.

• A virtude principal de um Dirigente, e a mais rara talvez, é a humildade sincera. E o pior flagelo de um Dirigente é o orgulho.

• É indispensável que o Dirigente evite repreensão de subordinados em alta voz e em público. A caridade exige muito tato para não ferir susceptibilidades ou magoar o amor-próprio de cada um.

• O Dirigente, mesmo sendo rigoroso, pode e deve ser amado e, geralmente o é muito mais do que o Dirigente mole, fraco, indiferente.

• O Dirigente que não admite faltas e erros em seu subordinado errou de vocação; pode ser tudo, menos Dirigente, pois já começou errando.

• A mansidão não impede a firmeza de comando, a segurança de ordens e o bom Dirigente deve ter neste particular especiais cuidados.

• A calma reflete segurança e educação; logo o Dirigente não se exaspera, não grita, não descontrola os nervos, mas trata seus subordinados com mansidão.

• O Dirigente, mesmo com tato e bondade, encontrará sempre os descontentes, espíritos de contradição, em suma, oposição sincera, às vezes, e muito mais vezes teimosa, implicante, despeitada. Cabe-lhe a um só tempo decisão e humildade, fortaleza e amor.

• O Dirigente não se pode admirar se encontrar oposição e muito menos irritar-se; ela é normal, e, muitas vezes justa, benéfica e necessária.

• A oposição, para o Dirigente, deve ser o melhor termômetro para verificar se está indo bem.

• O número de tolos é infinito, acompanhando-o muito de perto o dos invejosos e despeitados. Mas o Dirigente não os odiará. Piedade e silêncio é o que se aconselha.

• O Dirigente jamais deixará sobrepujar-se em amor e humildade.

• O Dirigente deixa-se amoldar e enobrecer-se pelo amor, como se eleva pela humildade.

• O segredo da grandeza do autêntico Dirigente é avançar e nunca voltar atrás no amor.

III - AÇÃO E RESPONSABILIDADE

• Dirigente, etimologicamente, é aquele que está à testa, à frente, que dirige, que está à cabeça, ou melhor, é a cabeça. Se o corpo se locomove é porque a cabeça viu, pensou e promoveu a ação.

• O Dirigente, por este motivo, deve saber o que quer e como quer.

• O Dirigente sabe vencer e fazer vencer os obstáculos porque se imbuiu do ideal que o anima.

• O Dirigente não deve apenas saber decidir, mas sobretudo, transformar a "decisão em ação"

• O Dirigente apenas se decide por motivos nobres: o dever, o bem comum, a vitória da causa, esquecendo-se de si próprio.

• O Dirigente aceitará com a mesma serenidade as derrotas, o fracasso, as tristezas, as decepções e os sofrimentos, fazendo de tudo isto degraus para a vitória seguinte.

• O Dirigente atribui aos colaboradores os sucessos e a si mesmo todos os fracassos e imperfeições.

• O Dirigente está sempre presente, e não apenas lembrado. A "presença", no Dirigente, constitui, talvez, a mais marcante característica. Se a lembrança é boa, a presença é ótima.

• Se o Dirigente está revestido de autoridade, cabe-lhe, portanto, o primordial dever de unir, coordenar, agir. Tanto que, muitas vezes, mesmo com um grupo medíocre, ao sopro de um bom Dirigente alentam-se os dirigidos.

• Se o Dirigente é aquele que manda, é aquele que chefia, há de ser também aquele que assume corajosamente todas as responsabilidades; logo, requer-se a sua presença em tudo e para tudo.

• O Dirigente deve estar presente em toda a parte, pois a presença tem uma virtude que nada poderá substituir: o gesto, o olhar, o sorriso, a voz, o porte e as maneiras.

• O Dirigente jamais se impressiona em demasia com os contra-tempos, contradições, dificuldades ou quaisquer outros empecilhos; estuda-os e os vence, simplesmente.

• O que revela o verdadeiro e autêntico Dirigente vêm a ser as iniciativas e a coragem das responsabilidades.

• O Dirigente, antes de assumir responsabilidades, as terá examinado, julgado, sentido o peso e as medidas, pois não é do autêntico Dirigente voltar atrás e muito menos faltar.

• É impossível separar-se da noção de autoridade a íntima ligação da responsabilidade; logo, o Dirigente não pode deixar de ser um responsável.

• Só os que ousam, vencem, só triunfam os organizados e não se compreende um Dirigente tímido e desorganizado.

• Aquele que receia responsabilidades, que não possui força de vontade, que recua diante de todos os obstáculos e não tem capacidade de sofrer, nunca pense em ser Dirigente.

• São também incapazes de ser Dirigentes os sem-ideal e que amam a si próprios narci­sísticamente, porque dirigir é entregar-se sem reservas procurando sempre o bem comum.

• Há uma técnica de ação; não querer o Dirigente estudá-la nem aplicá-la, claro que é tentar a Deus.

• O Dirigente evita nas empresas qualquer precipitação, mas também não dorme sobre a indecisão.

• O Dirigente desconfia um pouco da intuição; ela pode ser enganosa. A verificação cuidadosa é dos que têm responsabilidade.

• Iniciativas sem obediência são tão prejudiciais como a obediência sem iniciativa; logo, o Dirigente pautará sua ação de modo a evitar estes dois extremos.

• O medo das responsabilidades anula a ação; portanto, todo Dirigente é um homem corajoso, destemido, forte.

• Ação sem oração é o mesmo que lutar sem armas, e o Dirigente mais do que ninguém deve trazer isto bem presente.

• Oração, responsabilidade e ação constituem os três requisitos indispensáveis ao autêntico Dirigente.

IV - CAPACIDADE

• Muito fácil será saber-se quem foi o Dirigente deste ou daquele empreendimento: basta perguntar, em caso de fracasso, a quem coube a culpa. Logo, o ser Dirigente supõe, ou melhor, exige capacidade.

• Não se pode exigir que o Dirigente seja competente em tudo, mas tem ele a obrigação de saber quem é competente neste ou naquele setor.

• Erra o Dirigente quando prefere agir sozinho, não confiando em seus colaboradores por temer o fracasso desta ou daquela empresa, pois a função do Dirigente não é substituir seus adjuntos, mas fazer com que eles desempenhem as funções que lhes foram confiadas.

• O Dirigente que faz tudo por si próprio e dispensa o concurso dos seus adjuntos está fadado ao fracasso, pois um dia, quer por doença, quer por ausência forçada ou inesperada, ou qualquer outro obstáculo, não desempenhará ele a função e ninguém foi instruído para substituí-lo.

• A capacidade não trará ao Dirigente presunçosa confiança nos seus reais talentos e desmedido apego ao seu valor, mas é próprio de quem é valoroso cultivar a humildade sincera.

• O Dirigente não decide arbitrariamente; antes, porém, busca naqueles a quem dirige auxílio e orientação, o que provoca jubilo entre os dirigidos.

• A marca que distingue o verdadeiro e autêntico Dirigente é que ele sabe descobrir colaboradores e utiliza suas aptidões nos devidos setores.

• O Dirigente que faz aquilo que um outro qualquer poderia fazer tão bem quanto ele, desperdiça energias, toma-se absorvente e abeira-se da ditadura.

• A tentação de um Dirigente dinâmico e trabalhador é fazer tudo sozinho, principalmente quando não se satisfaz com o trabalho dos subordinados. É isto um grave erro, pois o verdadeiro Dirigente deixa aos seus subordinados iniciativas próprias e uma certa autonomia dentro do plano traçado.

• O Dirigente, pois, não deve ter receio de confiar responsabilidades, desde que sejam estas proporcionais e condicionadas ao valor e aptidões daqueles a quem confiou.

• Certo é que o Dirigente há de ter confiança em si, mas deve desenvolver as iniciativas nos seus subordinados.

• São muitos os homens que se desinteressam de uma tarefa quando se sentem simples engrenagens duma máquina cuja razão de ser e rendimento desconhecem completamente.

• O Dirigente saberá buscar no momento oportuno seus especialistas, mas coordenará e orientará os esforços deles no plano previamente traçado.

• Os subordinados esperam do Dirigente que seja ele consequente, isto é, que não exija senão aquilo que se pode, o que se decidiu fazer e para que fazer.

• A verificação, o estudo, a discussão constituem necessidades para os subordinados e um dever para o Dirigente.

• Os empreendimentos devem trazer o selo da segurança, do pré-estudo, pois nada enfraquece mais a autoridade do Dirigente do que as coisas equívocas, vacilantes, improvisadas.

• Antes de se decidir, o Dirigente põe em discussão e ouve sugestões; aprovada a coisa, executa-se, nada mais.

• Em muitos empreendimento é comum verificar que os erros mais combatidos pelos Dirigentes são de exclusiva culpa sua, porque ou explicou mal, ou não estudou acuradamente, ou deixou, sobretudo, de acompanhar a execução.

• Eis as funções do Dirigente: rezar, prever, coordenar, ordenar, controlar e finalmente louvar ou apontar as falhas.

• O Dirigente vê com largueza e à distância. Nada de discussões estéreis, mas cuidar mais em construir que em discutir.

• Não deve o Dirigente vangloriar-se de sua capacidade, mas antes cultivá-la e desenvolvê-la e colocá-la a serviço dos outros.

• A inteligência é necessária ao Dirigente? Sim. Muito mais porém, necessita ele de força de vontade. Como S. Inácio deve saber o Dirigente dizer: QUERO!

• Querer, porém, não é só dizer o que se quer, mas é também conhecer o que se quer e saber conseguir o que se quer.

• O Dirigente não implora obediência, mas exige inteligentemente com o coração e a razão.

• O verdadeiro Dirigente sabe - sem o aviltamento da personalidade de cada indivíduo, provocar os reflexos de sua pessoa no subordinado.

• O Dirigente deixa todos à vontade, impondo, porém, disciplina.

• Não é propriamente pelo magnetismo do olhar, pela formosura do rosto, pelo timbre da voz ou pela conformação muscular do corpo que o Dirigente é reconhecido, porque o Dirigente não se define somente por sinais externos, mas sobretudo pela capacidade para a missão abraçada com férrea vontade.

• Quem jamais suportou trabalhos medíocres, quem não adquiriu experiência "fazendo", quem não sofreu, nunca poderá ser um bom Dirigente.

• O Dirigente faz-se, não se improvisa. Logo, o estudo incessante em busca da capacidade será a preocupação primordial daquele que dirige.

• Preferível mil vezes desistir o Dirigente do que prosseguir sabendo-se incapaz.

V - ACUIDADE

• O Dirigente conquista os seus subordinados.

• O Dirigente sabe como levar os subordinados a trabalhar em "conjunto", mas de maneira racional utiliza os "recursos de cada um'', sabe o setor em que este ou aquele rende mais.

• O Dirigente conhece os homens em geral, distinguido porém o subordinado em particular.

• Conhecendo o Dirigente o seu subordinado, saberá com quem lida, por isso o respeitará, pois atua sobre vontades e não sobre máquinas.

• O Dirigente deverá saber abrir horizontes, desanuviá-los, ou seja, provocar iniciativas, aceitar críticas e sugestões, dirimir dúvidas, evitar questões, obtendo em troca obediência dócil, zelo ardoroso, ao invés de passividade indiferente e mecânica.

• O Dirigente não é Dirigente senão para ajudar a querer, e querer bem.

• No Dirigente importa muito conhecer o homem, mormente suas qualidades; e as qualidades do homem manifestam-se, amiúde, nas pequeninas coisas. Conhecendo essas pequeninas particularidades o Dirigente conquista o subordinado.

• Atenção provoca atenção; é ouvindo que alguém se faz ouvir; é deixando falar que se pode falar; é, sobretudo dando-se que se recebe. O Dirigente deve trazer presentes estes conceitos se deseja êxito em suas missões.

• O Dirigente tem o sentido da realidade sem ser pessimista e não dispensa a imaginação sem ser puramente sonhador. Em suma, no presente e no futuro vê o que contém de possibilidades.

• Uma das piores deformações de um Dirigente consiste em ver as coisas como desejaria que fossem, ao invés de ver como realmente são.

• Possuindo o Dirigente o sentido da realidade, também desenvolve em si próprio aquele "sexto sentido" que permite ver num relance novas possibilidades ao mudar uma decisão por império ele certas circunstâncias.

• O Dirigente, mais do que nos compêndios, aproveitará na prática aquela 'competência psicológica' que se adquire no lidar com os homens.

• A arte de dirigir é difícil - senão impossível - quando o Dirigente não coloca cada indivíduo no seu lugar, a fim de render o que ele pode e o que deve render.

• Ao Dirigente compete, pois, conhecer bem os seus subordinados para adaptar as suas ordens à capacidade de cada um.

• O Dirigente não deve considerar alguém incapaz com muita facilidade, pois o que existe, na maioria das vezes, é um indivíduo mal utilizado, fora de sua especialidade.

• O Dirigente deve dar a saber, a cada um, que conhece a sua individualidade própria, e não o confundir com a multidão.

• Este conhecimento dá ao Dirigente maior habilidade e maior fonte de poder, pois constitui um dos segredos dos condutores de homens.

• O Dirigente deve esforçar-se por conhecer e chamar seus subordinados pelos seus nomes, pois é sabido que o nome é para quem o usa a palavra mais bela, mais suave e mais importante de todo o vernáculo!

• Nada nos agrada mais, ou mais nos interessa, do que ouvir nosso nome; logo, o Dirigente chama a todos pelo seu nome.

• O Dirigente, conhecendo a todos pelos seus nomes, tem assegurado mais de 70% de simpatia, pois demostra consideração e interesse.

• Para desenvolver nos subordinados o gosto pelo esforço, é permitido ao Dirigente, até certo ponto, estimular o amor-próprio.

• O Dirigente deve precaver-se no exigir esforços em desproporção das possibilidades atuais de cada um.

• Despertar e incutir nos subordinados o senso da responsabilidade será uma das principais preocupações do Dirigente.

• É indispensável que o trabalho seja dividido por equipes, mas estes esforços devem resultar num conjunto harmonioso, tal como se fossem mosaicos de variadas cores, tamanhos e matizes justapostos por um artista que é o Dirigente.

• Não constitui erro provocar uma certa emulação entre equipes ou entre os subordinados quando uma empresa possa receber a aplicação desse recurso. Ao Dirigente assiste o dever e a responsabilidade de "policiar" o possível desvirtuamento da coisa.

• O que os subordinados mais apreciam no Dirigente é o saber mandar. E mandar, em absoluto, não é vergar vontades e muito menos destruí-las, porém saber orientá-las, plasmá-las, reformá-las a respeito da missão a ser executada.

• Mandar constitui uma arte pela qual o Dirigente obtém o máximo de cooperação e rendimento para o ideal ou para a causa, com um mínimo de atritos e incompreensões.

• Numa ordem dada ou num trabalho a ser executado, é de capital importância citar o Dirigente o nome daquele que será responsável pela sua concretização, bem como donde e para que vem dita ordem ou trabalho.

• Na maioria das vezes, o que desgosta ou revolta o subordinado não é tanto o esforço que se lhe exige, mas a maneira como o Dirigente exige.

• É importantíssimo o Dirigente saber escolher a ocasião oportuna, isto é, chamado "momento psicológico" de convencer.

• Há sacrifícios que se não pedem senão quando o ambiente está favoravelmente formado, cabendo pois ao Dirigente criar este clima ou saber aproveitá-lo oportunamente.

• Muitas vezes, o "complexo de inferioridade" é o culpado de tantas fugas e retrações. O Dirigente, portanto, o destruirá, começando por entregar pequenas missões que irão aumentando de responsabilidade gradativamente.

• Consegue-se muito quando o Dirigente diz a um subordinado: "Peço-lhe isto assim-assim porque você é capaz disto e de muito mais ainda '.

• O Dirigente não apenas observa, mas toma nota. Pois, do contrário, a observação fica sendo tão somente impressão.

• O Dirigente necessita dos que tem experiência para iniciá-lo, depois ele mesmo experimenta.

• O Dirigente sabe que há um lugar e um tempo para cada coisa, como também cada coisa tem seu tempo e seu lugar.

• O Dirigente não só aceita, mas deseja colaboradores que o sobrepujem em esforço, dedicação e amor.

• O bom humor, a cordialidade e o respeito constituem atmosfera ideal para uma equipe, e o Dirigente tem o dever de contribuir para isto.

• Em torno de um verdadeiro Dirigente encontramos sempre uma equipe que a sua amizade, sua competência e sua acuidade formaram para ajudá-lo.