BREVE HISTÓRIA DA C.M. NO BRASIL

Extraído do Livro "Breve História das CC. MM", de Antonio Maia, de 1961.

"Ah! a minha fita azul! a fita azul dos marianos! Saudemo-la. Ela levará nossa alma para o Céu. Ela salvará a mocidade. A FITA AZUL SALVARÁ O BRASIL!"

(Palavras finais do famoso discurso da D. Sebastião Leme na Concentração Mariana Nacional — 2 de Maio da 1937).

1 - TRÊS PERÍODOS

Em nossa terra a história das CC. MM. apresenta três períodos bem distintos:
a) de 1583 a 1870, portanto, desde a primeira C. M. no Brasil-Colônia até a primeira fundada após a volta dos Jesuítas;
b) desde a volta dos Jesuítas até a fundação da Federação das CC. MM. de São Paulo (12 de outubro de 1927);
c) de 1927 até os tempos atuais.
Podemos ainda subdividir o terceiro período em duas fases:
1. ° — 1927 a 1948 quando se verifica a expansão horizontal do movimento com o advento das Federações Diocesanas, multiplicação cada vez mais crescente das CC. MM. e criação da Confederação Nacional.
2. ° — 1948 até agora tendo como marco a 'Bis Saeculari' que veio provocar verdadeira revisão e renovação no sistema de seleção — formação e ação visadas em duas Assembleias Nacionais de Dirigentes, em Cursos e Encontros, bem como publicação de Opúsculos. E está em plena atualidade a execução do nosso “Plano Trienal Mariano“ que nos prepara para o 4° Centenário das CC. MM. no mundo.
Vejamos, através de um passeio pelas páginas da revista “Estrela do Mar”, sinteticamente, a documentação dessa história.

2 - PRIMEIRA INVESTIDURA

A Bahia, como centro do Brasil colonial, foi também o ponto inicial do movimento mariano brasileiro. Já em 1581 fizeram-se e aprovaram-se os Estatutos de uma Confraria ou Congregação de N. S. do Rosário. Em 1584 o Visitador, por intermédio do Procurador em Roma, Pe. Antonio Gomes, S. J., pede os Estatutos da dita Confraria que destinava aos estudantes. Neste mesmo ano já se contavam diversas Confrarias de Nossa Senhora nas aldeias da Bahia. E ordenou o Pe. Visitador, em 1586, que nos engenhos e fazendas, em todo o Brasil, se instituísse para os índios e negros a Confraria do Rosário, com a finalidade de promover a piedade e a instrução religiosa. Mas parece que não havia ainda no Brasil ideia nítida do que era a C. M. do Colégio Romano. Tanto é que, ao transcrever-se em Roma, o pedido de agregação omite-se a palavra “Rosário”, ficando só Congregação de Nossa Senhora.
A primeira C. M. canonicamente ereta no Brasil tem a patente de agregação datada de 8 de agosto de 1586, pois D. Antonio Barreiros, considerando a C. M. do Colégio da Bahia como obra de suma importância, quis aprovar e incentivá-la oficialmente.
As festas da C. M. eram muito “luzidas, deslumbrantes e solenes” — no dizer do historiador da Companhia de Jesus, Pe. Serafim Leite, S. J. E citando Beliarte prosseguia: “A C. M. dos Estudantes anda sempre nas pessoas principais da terra como o Bispo".
No pitoresco destas palavras sentimos todo o afeto, carinho e estima com que os Bispos de nossa pátria, como herança de seus maiores, souberam sempre cercar as CC. MM. brasileiras.

3 - PRIMEIROS SEGUIDORES

O exemplo da Bahia foi logo seguido de perto por São Paulo com a instituição da Bênção das Rosas. O Venerável Pe. Anchieta descreve deliciosamente em uma de suas cartas essa cerimônia. “Os assistentes iam coroados de rosas bentas. O sacerdote levava debaixo do pálio de seda uma linda imagem de Nossa Senhora, igualmente recamada de rosas vermelhas. Havia procissão, e as rosas juncavam os caminhos de perfumes e de graças.” Havia ainda a devoção das nove velas, consistindo em acender no altar da C. M. esse número de velas a fim de que os Bandeirantes voltassem sãos e salvos a São Paulo. Assim fez a esposa de um deles, em 1620. E as bandeiras paulistas partiam deixando as velas lacrimejando no altar da C. M. O preito de amor, da saudade e do respeito à Rainha nunca se apagava até que os desbravadores voltassem ao altar de Nossa Senhora, pagar suas promessas.

4 - CONQUISTA DE POSIÇÃO

Da C. M. do Colégio de São Paulo passemos para a do Colégio das Artes, do Rio de Janeiro. Os mestres e professores plasmavam as inteligências com as boas lições de Humanidade e Artes.
E Maria aquecia na estufa de seu coração de Mãe, as almas daqueles jovens.
A agregação da primeira C. M. do Rio de Janeiro ter-se-ia dado pelo ano de 1590, mas já estava em plena vitalidade em 1588, pois uma carta anunciava que estudantes congregados davam lição aos velhos, no que tocava ao ensino da doutrina. Era o gérmen desse espírito ativo e de combate que tanto distingue as CC. MM. autenticamente brasileiras. Atualmente nos entristece ver algumas CC. MM., cujos membros se limitam apenas a usar uma fita durante a Missa de domingo e a frequentar, vez ou outra, sonolentamente, as reuniões e atos marcados pelas Regras. Verdadeiros cabides de fita tão opostos aos combativos congregados da primeira arrancada!

5 - NOVAS IRRADIAÇÕES

No Maranhão encontramos, na época colonial, um movimento mariano, que nos causa hoje profunda admiração. Ele gira ao redor de um grande personagem de nossa história: o Pe. Antonio Vieira, tão célebre pelos seus "Sermões". Iniciou Vieira, no Maranhão, a 25 de março de 1653, a prática do Rosário Cantado à moda de São Domingos, que deu origem a uma associação depois concretizada em C. M. sob o título de N. S. das Neves. Em 1665 essa C. M. recebeu novo título: o de C. M. do Terço, sob a invocação de N. S. da Luz. Sua agregação à Prima Primária deu-se a 30 de dezembro de 1666. Cinco anos mais tarde surge uma nova C. M.: a de N. S. do Socorro. O Diretor, para evitar dispersão, fundiu as duas sob o título de C. M. de N. S. da Luz e Terço do Socorro. Em outubro de 1722 instituía-se a C. M. de N. S. da Conceição, para homens e estudantes externos. No ano seguinte, a de N.S. da Boa Morte, que contou com 800 congregados!

6 - NORTE ACIMA

Do Maranhão, irradiou-se o movimento para o Pará. O zelo de Vieira soube também suscitar aí as CC. MM. A primeira foi a de N. S. da Consolação. Depois de uma tentativa de unificação, surge, pelo ano de 1678, a C. M. de N. S. do Socorro, dirigida pelo Pe. Bento de Oliveira. Em 1722, o fervor apostólico do Venerável Pe. Malagrida erigiu no Pará a C. M. da Boa Morte. Pediu ao Pe. Geral que a agregasse à Prima Primária ou à de Évora. O Geral não anuiu ao seu pedido por constar ela de homens e mulheres e as CC. MM. para senhoras só foram oficialmente permitidas em 1751. O mesmo Pe. Malagrida, com o Pe. Manoel da Silva instituiu outras CC. MM. pelas fazendas da Companhia de Jesus e em outros lugares. Foram todas agregadas à Prima Primária. A última C. M. que se fundou no Pará por essa época, foi a de N. S. da Sapiência, para estudantes, e agregou-se em 1738.

7 - REALIZAÇÕES SOCIAIS

A C. M. do Recife é o berço das CC. MM. dos homens de trabalho. Aí as nossas CC. MM. operárias de hoje vão descobrir que os marianos de ontem já se preocupavam com as grandes questões sociais. A vitalidade das CC. MM. de Olinda e Recife atingem sua atividade máxima no tempo da Guerra dos Mascates, que começou em 1710. Já por essa época, contavam um século de existência. Eram estimadíssimas, e os lavradores e senhores de engenho, bem como os grandes proprietários, faziam questão de entrar na “Confraria dos Oficiais Mecânicos”, que é como chamavam a C. M. Negando-se-lhes a entrada, alegavam serem também homens de trabalho, isto é, senhores de engenho. A essa estima pela C. M., seguia-se naturalmente uma influência real do clima social da época.

8 - EM PLAGAS GAÚCHAS

O Pe. Carlos Teschauer, S. J. em sua "História do Rio Grande do Sul" nos acena ligeiramente como lá surgiram as CC. MM., ao tratar das Reduções Jesuíticas, em 1673. No século XVII, floresceram as CC. MM. no sul do País, e muito contribuíram para o nível espiritual de nossa gente. Antes de ser admitido na C. M., o candidato devia, dos 12 aos 30 anos, pertencer primeiramente à Congregação de São Miguel, que era o vestíbulo da C. M. propriamente dita. Só mais tarde, depois de dar provas seguras de vida edificante, é que conseguia a “Patente de Congregado”, conferida pelo missionário.

9 - "CARTA DE SERVIDÃO"

Essa “patente” chamava-se “Carta de Servidão”, pois quem a recebia se obrigava ao serviço da Rainha. O congregado guardava-a, trazendo no peito sempre com muita devoção. E não havia castigo mais sensível do que tirar-lhe o padre a “Carta de Servidão” e demiti-lo da C. M. por não corresponder às obrigações. Nosso ato de consagração nos obriga seriamente a este serviço — de que muito facilmente nos esquecemos — e nossa fita azul é o sinal exterior desta doação para todo o sempre, isto é, perpetuamente. O exemplo de nossos predecessores é um convite a que meditemos sempre as palavras que pronunciamos ao pé do altar, quando, espontaneamente, nos consagramos à Virgem Santíssima.

10 - RIGOROSA SELEÇÃO DOS CANDIDATOS

Apesar do rigor e da seriedade na admissão dos candidatos — diz-nos o Pe. Carlos Teschaeur — os marianos eram muitos, chegando a 800 só numa C. M. das Reduções. Anualmente elegia-se a mesa dirigente, na qual ocupavam lugar um Prefeito e dois Assistentes. O Prefeito eleito recebia um estandarte que tinha pintada a imagem de Nossa Senhora. A vida de piedade das Reduções era muito acentuada e os índios recebiam mensalmente, e, nas festas principais do ano, os sacramentos da Penitência e da Eucaristia. Aos domingos de tarde, realizavam-se reuniões da C. M. com a recitação do Rosário e breve alocução do Diretor sobre a devoção a Maria Santíssima.

11 - PERSEGUIÇÃO POMBALESCA

Com a perseguição desferida pelo Marquês de Pombal e expulsão dos Jesuítas, em 1759, praticamente desapareceram as CC. MM., abrindo-se um parêntesis e silêncio histórico de mais de um século na vida mariana do Brasil. A escassez de clero não possibilitava encontrar outros Diretores. Consultando-se os registros oficiais das CC. MM. agregadas à Prima Primária, verifica-se que somente em 1870 começam a reflorir as CC. MM. em nossa terra, depois da volta dos Jesuítas, começando-se então o segundo período.

12 - O SEGUNDO PERÍODO

O Concilio Plenário Americano de 1899 nada fala das CC. MM., mas sabe-se que, em 1897, já existia com vida canônica a C. M. de São Gonçalo, a primeira para rapazes em São Paulo, depois do renascimento mariano, porquanto em Itu já havia uma outra anterior, composta de colegiais. A pastoral Coletiva dos Srs. Bispos das Províncias do Sul, em 1907, trouxe grande incremento para a vida mariana, recomendado aos jovens a prática da devoção a Nossa Senhora, segundo as Regras da C. M. Alastra-se então pelo Brasil um verdadeiro incêndio de marianismo. E a fita azul, como num amplexo, abraça o Centro, o Norte e o Sul do País.

13 - ONDA AZUL

A onda azul do marianismo não se detém. Em 1915, Olinda, Mariana e Santa Maria possuem as suas CC. MM.. Depois Caetité (Bahia), Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, em 1916. Em 1917, Belém lidera o marianismo no Norte com 4 CC. MM.. Não podemos esquecer nesta renascença mariana o trabalho dos PP. Franciscanos. Em 1911, na ilha de Cairu (Bahia) fundam CC. MM. para meninos; em 1912 abrem no Convento de São Francisco de Assis da Bahia, a C. M. de São Luís, que passa a ter ereção canônica; em 1915 já trabalhavam os filhos do “Poverello” em Petrópolis com um pugilo escolhido de congregados.

14 - RECRISTIANIZAÇÃO DO BRASIL

No Brasil, como de resto noutros países, as CC. MM. determinaram um movimento religioso que avultou, se espraiou, que se robusteceu e exerceu acentuada influência em todas as camadas da sociedade, empolgando de preferência as almas vibráteis e generosas da juventude. A multiplicação das CC. MM. em todos os Estados do imenso território nacional, suas atividades e iniciativas no campo religioso, as tornaram grandes beneméritas, pois constituíram fatores de grande valia para a recristianização de nossa Pátria. Suas atitudes desassombradas, suas afirmações fecundas e tão expressivas, fizeram com que a Hierarquia e todos os que se interessavam pela regeneração espiritual da Pátria depositassem nelas as mais acendradas esperanças. E a nota característica desta renovação cristã era a devoção especial a Maria Santíssima, a quem os brasileiros sempre dedicaram especial amor. Os congregados então faziam a todos viver o seu lema: Ad Iesum per Mariam. Fazia-se, porém, mister uma coordenação de tantas atividades, iniciativas, de tanto zelo e tanto amor. E tal aconteceu no terceiro período que abordaremos a seguir.

15 - TERCEIRO PERÍODO: FEDERAÇÕES DIOCESANAS

O terceiro período do marianismo no Brasil situa-se entre 1927 e os tempos atuais. Desde o primeiro Congresso Católico de São Paulo (1901) despertara-se a ideia que somente em 1927 frutificou: a primeira Federação de CC. MM. do Brasil. Por ocasião do Centenário da canonização de São Luis Gonzaga e de São Estanislau Kostka, numa assembleia geral presidida por D. Duarte Leopoldo e Silva, na Basílica de São Bento, no dia 12 de outubro, estando presentes os PP. José Visconti e Gastão Liberal Pinto, este último explanou o que antes havia proposto o Dr. Paulo Dutra, Presidente da C. M. de Sta. Ifigênia, sobre a criação de uma Federação Mariana. A assembleia de pé e entusiasticamente aplaudiu tal ideia. E D. Duarte ratificou o projeto com uma bênção dizendo: "Declaro fundada, em minha Arquidiocese, a Federação das CC. MM.”. Sem o saber, estava demarcando uma etapa do marianismo brasileiro. A Federação paulista ramificou-se logo pelas Dioceses, com suas seções em todas as sedes do Bispado da Província, criando-se Federações Diocesanas para marianos e Filhas de Maria. E o exemplo de São Paulo foi seguido por outros Estados: em 1932 o Pe. Luís Riou, S.J. estabelece a do Rio de Janeiro com as bênçãos de D. Sebastião Leme. A seguir, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Niterói e Florianópolis acompanham o mesmo exemplo. Com isto o movimento adquiriu a magnífica unidade de ação e objetivos que hoje tem. Mais adiante, com referência ao valor federativo e confederativo citaremos um fato acontecido no México com o Pe. Paulussen, atual Diretor do Secretariado Central das CC. MM.

16 - EXPANSÃO HORIZONTAL

O movimento, com o advento das Federações, alastrou-se num crescendo glorioso, atingindo seu ponto culminante por volta de 1934. É de notar-se que, de 1933 a 1935, o Brasil ocupou sempre o primeiro lugar entre todas as nações no que respeita a agregações de CC. MM. masculinas. Em 1936, só o Estado de São Paulo contava 23.219 congregados. E o grande Diretor de CC. MM., Pe. Irineu Cursino de Moura, S.J., impulsionou de forma maravilhosa o marianismo no Estado bandeirante. Dele é sobejamente conhecida a célebre frase: “Retiro ou retire-se”. E os congregados preferiam a primeira ordem, comparecendo aos milhares às casas de Exercícios Espirituais.

17 - “DO PRATA AO AMAZONAS, DO MAR AS CORDILHEIRAS

Mas não somente em São Paulo tal aconteceu; a mocidade brasileira vibrava de entusiasmo e arregimentava-se nas fileiras da Virgem, cantando nas igrejas, nas praças e nas ruas:

“Do Prata ao Amazonas 
do mar às Cordilheiras
Cerremos as fileiras
Soldados do Senhor."

No Rio de Janeiro, mais de 2.000 congregados proclamam desassombradamente, em praça pública sua fidelidade a Deus, à Igreja e à Pátria; em Belo Horizonte os congregados marianos têm a honra de verem entregue a si os mais difíceis encargos do Congresso Eucarístico; em Florianópolis, 2.000 congregados, atendendo ao apelo de D. Joaquim Rodrigues de Oliveira, promovem a I Concentração das CC. MM. catarinenses; em Pernambuco, à frente das grandes realizações católicas estão os congregados; no Rio Grande do Sul, exaltam-se as obras apostólicas dos marianos; na Bahia a C. M. goza de tão elevado prestígio que foi declarada “de utilidade pública”; no Ceará formam uma falange sempre decidida aos mais árduos empreendimentos pela causa de Deus; em Alagoas, a fundação da C. M. constitui saliente acontecimento na vida religiosa do Estado; no Pará e Maranhão, no Estado do Rio de Janeiro e em outros pontos do território nacional vão se firmando os congregados por uma vida verdadeiramente cristã e apostólica. As CC. MM. vão pontilhando de azul o mapa de nossa Pátria. É a realização esplêndida do que diz a primeira estrofe do Hino Oficial das CC. MM.: “Do Prata ao Amazonas, do mar às Cordilheiras...”

18 - PRIMEIRA CONCENTRAÇÃO MARIANA NACIONAL

Sobre este grande acontecimento mariano, (1937, maio, 1, 2 e 3) melhor do que nós falará D. Sebastião Leme: “Foi uma deslumbrante profissão de fé”. Esta definição, dada instintivamente por todos os que assistiram — como tivemos nós a felicidade de assistir — a I Concentração Nacional das CC. MM., caracteriza perfeitamente sua índole e suas finalidades, revelando ao mesmo tempo a razão da sua notável influência sobre os congregados e sobre a opinião pública. A Concentração não foi um Congresso. Não houve sessões de estudo com leitura e discussão de teses. Nem foi uma reunião de técnicos e especialistas. Foi antes uma “parada festiva da mocidade brasileira”; uma afirmação de vitalidade cristã; uma atestação grandiosa da pujança primaveril do marianismo nacional; um juramento de amor e de fidelidade a Cristo, à Virgem, à Igreja; um ato solene de piedade sincera, consciente, sem respeito humano, sem titubeação, numa atitude resoluta, enérgica, decidida. Por isto, a I Concentração Nacional foi uma bênção do céu para as CC. MM., para a mocidade e para o bem espiritual da nação. Calculou-se em 10.000 congregados participantes; 60 PP. Diretores; 10 Bispos e alguns representantes da Argentina. E como fato histórico que perpetuou a lembrança e os frutos da I Concentração Mariana Nacional nos anais do marianismo brasileiro tivemos a fundação da Confederação Nacional das CC. MM. do Brasil.

19 - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS CC. MM. DO BRASIL

De há muito havia surgido a ideia de confederar as CC. MM. O extraordinário e rápido desenvolvimento do marianismo brasileiro, seu progresso decidido e sua força expansiva, manifestado nas novas CC. MM. e nas Federações que se iam constituindo, realçavam a utilidade de uma Confederação e sua frisante oportunidade. Entidade essencialmente coordenadora e orientadora, a Confederação Nacional aparece como um fator precioso de unidade para a realização conscienciosa do programa das CC. MM. e como uma fonte de energias e de confiança coletivas no ideal e nas atividades marianas. No segundo dia da Concentração — 2 de maio de 1937 — sob os auspícios e com as bênçãos de D. Sebastião Leme, foi ela fundada, mas a promulgação se deu a 16 de julho — dia Mundial dos Congregados. E no mesmo dia 16 foi nomeada e empossada a primeira Diretoria, tendo como Diretor o Revmo. Pe. César Dainese, S.J. e Presidente o Dr. Augusto Paulino.
Com a fundação e instalação da Confederação Nacional das CC. MM., a revista "Estrela do Mar” passou a ser seu órgão oficial, ela que havia nascido em l.° de julho de 1909 como simples boletim mensal da C. M. de São Gonçalo (Est. de São Paulo).

20 - O TRABALHO DESTES DOIS ÓRGÃOS

Como é óbvio, intensificou-se o trabalho epistolar, especialmente junto às Federações. Depois as Concentrações Diocesanas e Estaduais. Esmerou-se a revista em fornecer utilíssimo material de formação e alargou-se o noticiário. Verdadeiro traço de união entre as Federações e estas com as CC. MM., constituiu e constitui ainda o serviço da Confederação Nacional. Organizou-se melhor o trabalho de agregações à Prima Primária. Os trabalhos da II Concentração Nacional realizada por ocasião do V Congresso Eucarístico Nacional em Porto Alegre teve sempre à frente a Confederação Nacional. E nessa oportunidade D. Jaime de Barros Câmara assumiu juridicamente a sua direção.
E as atividades da Confederação Nacional continuaram: promoção de dois Congressos de Diretores de Federação: no Rio, em 1941 e em São Paulo, em 1947 e do Congresso Mariano Nacional de Petrópolis, em 1949. Participação oficial do Brasil nos Congressos do Apostolado Leigo, em Roma e nos Congressos Marianos Mundiais, em Roma e nos EE. UU. Organizou duas Assembleias Nacionais de Dirigentes Marianos (Rio, 1956 e Curitiba, 1959) com resultados magníficos. Notadamente de 1914 para cá a revista "Estrela do Mar" vem orientando o movimento no plano nacional através de suas páginas sempre ricas de material formativo e noticioso. Até 1950, a tiragem máxima foi de 6.000 exemplares. Depois passou a 15.000. Em 1954 já eram 30.000. E o número especial comemorativo do 50.° aniversário atingiu 50.000 que se espera não retroceda, mas pelo contrário, irá aumentando dia a dia. Para maior irradiação da orientação mariana, ao redor da revista começou-se uma série de opúsculos da “Coleção Estrela do Mar', já com 11 folhetos de muita utilidade. Eis no que tem redundado o nosso trabalho federativo e confederativo que é sempre alvo de elogiosas referências no mundo inteiro. E encerraremos este esboço histórico das CC. MM. no Brasil com a opinião do atual Diretor do Secretariado Central e Vice-Diretor da Federação Mundial das CC. MM., Pe. Luís Paulussen, S.J., respeitante ao movimento mariano brasileiro:
Quando, em 1955, de sua estada no México, perguntaram-lhe quais eram as melhores CC. MM. do mundo, ao que respondeu:

“Se considerarmos o espírito, a formação, direi que são as da Espanha; se levarmos em conta o apostolado, especialmente o catequético, digo serem as do México. Mas se focalizarmos a organização, a união entre as CC. MM., não hesito em declarar que são as do Brasil.”

E donde nos vem esta organização (ainda não ideal, confessemos) e esta união senão do movimento federativo e confederativo? Eis porque, obedientes e na vivência consciente e carinhosa das Regras 1, 15, 33 e 68 ponhamos em prática o que nos ditou o Episcopado Nacional, reunido em Curitiba a 8 de maio de 1960:

"Para coordenar e orientar todo o apostolado externo das CC. MM. no plano diocesano, se faz mister uma total e disciplinada colaboração das Congregações com suas Federações”

"Não se esqueça, jamais, que todo o futuro das CC. MM. e sua autenticidade dependem de que elas, fieis às próprias Regras e às diretrizes da BIS SAECULARI, se modelem por um cuidadoso critério de seleção, formação e apostolado".

Porém — o que é o principal — muito mais do que o número de membros se hão de ter em conta as normas e leis (da C. M.) que, por assim dizer, levam pelas mãos os congregados àquela excelência de vida espiritual que os habilita a subir os cumes da santidade, graças especialmente ao uso daqueles meios dos quais é sumamente útil estejam munidos os perfeitos e cabais seguidores de Cristo. (Pio XII — "Bis Saeculari")