MANUAL DO DIRETOR DA CONGREGAÇÃO - CAPÍTULO IV - FELICIDADE DO CONGREGADO FIEL

Si haec scitis, beati eritis, si fueritis ea
Se você souber essas coisas, será abençoado se as fizer (JOÃO XIII, 17)

Felicidade! Veja a perpétua aspiração do coração humano! Desejamos isso mesmo nesta vida passageira. Podemos alcançá-la? Existe felicidade na terra?

A felicidade perfeita, que se chama beatitude, só é encontrada no Céu; é a parte dos eleitos; mas há na terra uma felicidade imperfeita que Jesus Cristo nos revelou, e que não é menos verdadeira felicidade por se misturar com a cruz e as lágrimas. De quem é essa felicidade? Todos os verdadeiros cristãos participam e, de maneira consoladora, os Filhos de Maria têm a maior participação. Sim, a maior parte da verdadeira felicidade neste mundo é reservada aos congregados fiéis. Quais são os elementos dessa felicidade?

Aqui estão os cinco principais: a doçura da piedade, uma boa consciência, a sensação do dever cumprido, consolo na adversidade, o penhor de uma morte feliz.

I - A DOÇURA DA PIEDADE
A piedade é um maná oculto que faz com que a alma prove toda doçura. Entendemos por piedade aquele dom do Espírito Santo que não apenas inunda a mente com a luz da fé, mas aquece o coração com o fogo do amor do alto. Então amamos Jesus e Sua santa Mãe; adoramos nos refrescar nas fontes divinas dos sacramentos e da oração. Oh! quão doce é o converso interior de uma alma que ora, que tem a felicidade de falar com Jesus e Maria. Quão arrebatadores são os cânticos do santuário naqueles momentos agradáveis passados ​​ao pé do altar! Então podemos exclamar com Davi: Quão adoráveis ​​são os tabernáculos ó Senhor dos Exércitos... Bem-aventurados os que habitam em Tua casa, ó Senhor! Melhor é um dia em Vossa corte do que milhares nos tabernáculos dos pecadores (Sal. Ixxxiii.)

2 - UMA BOA CONSCIÊNCIA
Entendemos por uma boa consciência a que é pura de todo pecado mortal, que nos censura em falta leve e presta testemunho de que somos amigos e filhos de Deus. Nada é mais doce que esse testemunho de boa consciência; enche a alma com serenidade, calma e paz que superam todos os prazeres exteriores. Uma mente segura é como um banquete contínuo (PROV. XV, 15), diz verdadeiramente o provérbio. A satisfação é melhor que a riqueza; sim, supera todos os tesouros, todas as honras, todos os prazeres inebriantes do mundo. Não, a fortuna e a opulência não dão felicidade: testemunha Salomão, que neles não encontrou senão vaidade e aflição de espírito, (ECLES. II.)

Testemunhe o homem rico e perverso que viveu apenas para se deleitar e que rejeita os pobres; veja-o dominado pela vergonha eterna e enterrado no inferno (Lucas XV) Ainda testemunha o jovem Polonais, que, no meio de todas as vantagens mundanas, está tão sobrecarregado de tédio que acha a vida um fardo insuportável; ele pensou: infelizmente! livrar-me-ei disso com um suicídio. Não, não; a felicidade não vem de fora, nem repousa em bênçãos exteriores: seu assento é o coração e sua fonte, uma boa consciência. Non est pax impiis (Isaias Ivii. 21).

3 - A SENSAÇÃO DO DEVER CUMPRIDO
Nada é tão doce quanto o sentimento no coração de um cristão quando ele pode dizer com o divino Mestre: Pai, eu terminei o trabalho que Tu me deste para fazer (JOÃO XVII, 4). Quão feliz é a noite depois de um dia bem passado! Quão felizes seremos no declínio da vida, quando, olhando para trás, nossos dias, veremos que eles foram cheios de mérito pelo Céu!

O que quer que os homens possam dizer ou fazer contra nós, o que quer que aconteça conosco, ficamos felizes se, com a alma e a consciência, podemos dizer: eu fiz o que devo; Eu cumpri meu dever.

Não é dessa fonte que a felicidade das famílias cristãs flui? Entendemos a felicidade vendo uma família verdadeiramente cristã, em que cada membro cumpre seus deveres diante de Deus em espírito de fé e amor, o pai e a mãe governam a casa e dão um bom exemplo; os filhos obedecem aos pais e se amam. Um espírito de união, paz, trabalho e alegria reinam entre eles. Em nenhum lugar encontram uma felicidade igual à de sua casa. Portanto, todos, sem exceção, pais e filhos, adoram se encontrar reunidos no meio da família; é lá e não no exterior, à beira da lareira e não em excursões mundanas, teatros, salas de estar estranhas, que provam aquelas alegrias inocentes e puras das quais o princípio não é outro senão o cumprimento cristão do dever.

Ora, todo congregado fiel é necessariamente devotado a seu dever, já que ele é um homem de dever e não de prazer. Tomando essa máxima como sua, de que o necessário vem antes do útil e o útil antes do agradável, segue-se que ele não pode deixar de apreciar essas doces satisfações.

4 - CONSOLAÇÃO NA ADVERSIDADE
Ninguém nesta vida escapa à lei do sofrimento e o congregado, como todos os outros, tem sua cruz para carregar; mas é iluminado por grandes consolações. Qualquer que seja a causa de suas provações, sejam infortúnios, injustiças, humilhações, perda de parentes, uma falha na qual caiu, lutas interiores, enfermidades corporais ou qualquer outra forma de adversidade, ele tem amigos que consolam e sustentam sua coragem. Quem são esses amigos? Eles são os irmãos membros da Congregação, o diretor da Congregação, a própria Virgem e seu divino Filho.

Eles são verdadeiros amigos, que não o abandonarão na adversidade! Ele pode se dirigir com confiança a eles; eles estenderão uma mão amiga para ele, ou pelo menos o reanimarão com as palavras consoladoras: Tenham confiança! Para aqueles que amam a Deus, tudo concorre para o bem. Depois da noite chega o dia, depois da tempestade vem a calmaria, depois da provação, paz e alegria.

5 - A PROMESSA DE UMA MORTE FELIZ
De todas as graças que Deus concede aos homens, a mais excelente, sem dúvida, é uma morte feliz: Pretiosa in conspectu Domini mors sanctorum ejus (SL CXV)

O portão do paraíso, a entrada para a glória. Essa graça é assegurada ao fiel congregado.

Quem pode duvidar que Maria ouça esta oração que seus filhos repetem no ato da consagração: Ajudai-me em todas as minhas ações e não me abandoneis na hora da minha morte; e esta outra que constantemente lhe dirigimos por toda a vida: Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte?

Você acha que é possível que uma mãe tão cheia de solicitude por seus filhos durante a vida possa esquecê-los na hora da morte? Ela os ajuda a aceitar a doença com resignação, a receber dignamente os sacramentos, a fazer a Deus o sacrifício meritório da vida, a ganhar a indulgência plenária e a deixar este mundo purificado, tanto quanto possível, de todas as manchas, absolvida toda a dívida com a justiça divina. Daí a bela e edificante morte dos Filhos de Maria, a qual todos os que a testemunharam podem testificar.

Coragem, então, Filhos de Maria; sejam fiéis às santas obrigações que contraíram com sua boa Mãe e confiem nela para sua feliz morte; a morte de seus filhos é preciosa aos olhos do Senhor. Pretiosa in conspectu Domini mors sanctorum ejus.

Veja a felicidade reservada aos congregados fiéis!
Não devemos nos esforçar seriamente para merecer isso?

Pe. Francisco Xavier Schouppe S.J.